sábado, 8 de janeiro de 2011
Entrevista Com O Pink Floyd
Abaixo segue uma entrevista rara, feita em 1997, com os integrantes do Pink Floyd, quando o conjunto se tornou um trio. Há também duas entrevistas com o Roger Waters, concedidas nos anos 1997 e 1998.
David Gilmour
Reporter: Já se passaram dez anos, mas ainda paira muitas dúvidas no ar. Conte-nos sobre a saída de Roger Waters do grupo. Fale também sobre o renascimento do Pink Floyd.
David Gilmour: Na verdade Waters não saiu e sim terminou com a banda. Na ocasião, ele acreditava que o Pink Floyd já tinha dado o que tinha que dar, e o álbum "The Final Cut" seria uma despedida. Nick Mason foi neutro. A principio, não concordei, depois, acabei aceitando. Quanto à volta do conjunto, foi em primeiro lugar devido a 'dinheiro'. Pink Floyd é mais que uma banda de rock, na verdade é uma grande empresa, e uma empresa deste porte não pode ficar parada. Fica até difícil de explicar como meu capital aumentou com a volta do grupo. Também quis dar uma lição em Waters, que , nos últimos anos, nos menosprezou. Hoje, o Floyd provou que pode sobreviver sem ele. Nossos shows estão sempre lotados. Vendemos milhares de discos, e o que é mais importante: estamos cada vez mais ricos.
R: Mas o que mais se comenta, é que o Pink Floyd realmente não voltou, simplesmente trocou de dono.
DG: Se Waters pôde ser, principalmente na época do "The Wall" e "The Final Cut", o dono do Floyd, por que eu não? Fiquei durante anos tentando impor minhas idéias no grupo, mas não me levavam em conta, Waters constantemente vencia. Igualmente havia a incômoda comparação com Syd Barrett. Sempre fui o melhor da banda, e, hoje, finalmente, sou dono dela. Eu, sim, é que sou Pink Floyd!
R: Me desculpe, mas parece que você está exagerando. A ausência de Waters é muito sentida e ele sempre foi considerado o melhor compositor da banda, e tem composto, de uns tempos pra cá, sozinho, sem parceiros. No "The Division Bell", Wright é seu parceiro em algumas músicas. Outra coisa, é que é fato consumado sua dificuldade em escrever letras, sempre precisando de auxílio, como o de Anthony Moore e Polly Samson.
DG: Volto a repetir: sou o melhor da banda. O pior cego é aquele que não quer ver e o pior surdo é aquele que não quer escutar. Sou o melhor instrumentista. Minha guitarra é marca registrada do Floyd. Os teclados já tiveram importância no som da banda, no passado, hoje, não tem. De fato, sou o único grande instrumentista do grupo; sou o melhor cantor. Waters mesmo me deu algumas de suas músicas para eu cantar. Sou um grande arranjador. Infelizmente, há quem não me considere um grande compositor, mas meu progresso, nesta área, é cada vez maior. Com o tempo, admitirão que sou o melhor compositor do grupo. A ajuda de Rick Wright no "The Division Bell" é insignificante. Quanto à minha suposta dificuldade em escrever letras, digo que a música é bem mais importante que a letra. Quem dá muito valor a letra, devia é ler poesias, ao invés de escutar músicas. Mesmo assim, tenho progredido muito como letrista. Meus parceiros me dão uma ajuda nada mais que adicional. A letra de "Sorrow", composta só por mim, é ótima. Creio que Waters deve ter ficado com inveja. Além destas qualidades todas, sou o mais bonito do grupo. Fui(sou) uma espécie de símbolo sexual do grupo. As mulheres procuravam Waters e Nick Mason, sim, mas para mandarem recados pra mim(risos). E, sem dúvida, sou um dos homens mais bonitos do rock(se não for o mais).
R: Vocês gravaram "A Momentary Lapse of Reason" e , em seguida, pintou um disco ao vivo. Lançaram "The Division Bell" e, logo após, mais outro ao vivo. Roger Waters ,e muitas outras pessoas, disseram que estes discos ao vivo, não passam de caça-niqueis.
DG: Que Deus me perdoe por concordar com Waters, mas, desta vez, ele tem razão. Quero faturar cada vez mais! Os discos também são ótimos pro meu ego; através deles, posso mostrar meus dotes como guitarrista, cantor e... compositor.
R: Nos shows ao vivo, há muitos músicos, mas quem se destaca é só você. Por que? Talvez , com a possível exceção de Tim Renwick, os outros músicos de apoio são inexpressivos. E para que tanto backing vocals femininos? Quando elas não estão cantando, estão dançando, por que?
DG: Me destaco, simplesmente porque sou o melhor, além de ser o dono do grupo. De fato,os integrantes do grupo, são medíocres, escolhi-os a dedo, pois não queria outra grande estrela, como eu. Quanto às vocalistas, se o Chacrinha tinha as chacretes e os Bolinhas as boletes, por que não as Gilmoretes? Com elas, o espetáculo fica mais cheio, além delas darem um toque de sensualidade. Penso em colocar nos shows, palhaços, malabaristas, elefantes, leões, pois assim o circo ficará mais completo(risos).
R: Para finalizar, qual a música de Roger Waters que você mais gosta?
DG: Por que não a música minha que mais gosto? Se bem que eu não saberia responder, pois minhas canções são tão bonitas, que não nutro uma preferência. Penso que esta pergunta, é uma provocação, mas como sou muito humilde responderei: "Money". E o que mais curto nela é o barulho da máquina registradora. Claro que se não fosse meu vocal e minha guitarra, seria uma melodia sem expressão.
Nick Mason
Reporter: À partir do "Wish You Were Here", você não compôs mais nada no Floyd. E desde o "The Wall", que você não participa nem como produtor. O que está havendo?
Nick Mason: Não sou um compositor. O pouco que compunha no Floyd era em cima de percussão. Apesar de eu ser um tremendo de um preguiçoso, outrora eu era mais animado e compunhámos músicas em jam sessions. Com o fim do grupo, acabou-se os improvisos.
R: Fim do grupo?!
NM: Sim, o Pink Floyd acabou-se há muitos anos atrás. O que restou foi uma guerra de egos entre Waters e Gilmour e também a vontade enorme de todos nós em ganhar dinheiro com o nome da banda.
R: Por que você anda tão apagado como baterista? Nos shows atuais, o outro percussionista se destaca mais que você.
NM: Não sou um bom baterista.
R: Como?! Acho você modesto! Sua atuação no "Pompeii" e nos discos antigos, como "Ummagumma" é simplesmente soberba!
NM: Realmente, me saí muito bem no "Pompeii". Tanto os outros integrantes do Floyd, como eu, ficamos surpresos. Inexplicavelmente, eu estava inspirado, mas foi só naquele momento. Tentei repetir, em outras ocasiões, a mesma performance, mas não consegui. Quanto aos discos antigos, volta a repetir que , naquela época, eu era mais animado. Porém , eu errava muito. Logico que em discos de estúdio, fica fácil cobrir os erros. Foi estafante a faixa que criei no "Ummagumma", me deu tanto trabalho, que nem quis escutá-la, depois de pronta. Hoje, com um baterista a mais nos shows, fico mais tranquilo, porque ele cobre meus erros.
R: Pelo que você tem dito, nesta entrevista, não sentes nenhum prazer em tocar bateria.
NM: Correto! Há coisas bem melhores do que bateria.
R: O que, por exemplo?
NM: Dinheiro. Com dinheiro, você compra tudo, inclusive mulheres e amigos. Além de contratar grandes médicos para tratar de nossas doenças. Podemos comprar remédios caríssimos. Podemos nos dar ao luxo de contratar um psicanalista para cuidar de nossas neuroses. Podemos fazer belas viagens. Tenho paixão por automóveis. Tenho uma enorme coleção de carros, conseguidas graças ao dinheiro. Dinheiro pode não comprar felicidade, mas prefiro ser um rico infeliz a um pobre infeliz. Veja bem, quando você tem dinheiro, é rodeado de amigos e mulheres; quando está sem ele, todos desaparecem. Viu só a importância do dinheiro?
R: Fale-me sobre seus dois discos solo.
NM: No primeiro fui de encontro a Carla Bley. Ela é uma ótima compositora. Compôs o disco todo e co-produziu-o comigo. Também me ajudou na escolha dos músicos, todos da área do jazz.
R: O curioso é que você é o músico que menos aparece no disco.
NM: Quando não temos muita habilidade, é melhor ficarmos na penumbra. Eu, sem dúvida, era o mais fraco de todos, que eram grandes músicos. Quanto ao segundo disco, Rick Fenn me procurou para gravar com ele. Fenn me tinha como um grande músico(incrível, há gosto pra tudo!); me incentivou a compor, cheguei até a tocar um pouco de teclados. Foi deprimente, cansativo! Espero não ter mais experiências deste tipo. O disco, na realidade, é mais de Fenn do que meu. Devo ter composto, no máximo, 30% do material. Depois de nossa experiência, tenho certeza que Rick Fenn não me considera mais um grande músico. E isso é´muito bom!(risos)
Richard Wright
Reporter: Acredito ter sido uma surpresa para o público, você voltar a gravar um disco solo, depois de um longo tempo na inércia. Há uma unanimidade que "Broken China" é bem parecido com o som do Pink Floyd. Já os seus dois discos anteriores não eram bem assim.
Richard Wright: Exato! A minha intenção no "Broken China" foi fazer um disco nos moldes do Pink Floyd. Como você acabou de dizer, fiquei na inércia durante muito tempo e este disco foi feito para provar que não somente Waters e Gilmour são capazes, são Pink Floyd, eu também sou tão capaz e até mais do que os dois. Com a vantagem de não usar o nome do Pink Floyd, como tem feito Gilmour nestes últimos tempos e Waters fez nos "The Wall" e "The Final Cut". Apesar de eu ter consciência que se usasse o nome do grupo, Gilmour não permitiria(risos) e Waters abriria um processo contra mim(gargalhadas).
R: "Broken China" é tão parecido com os trabalhos do Floyd, que há até uma faixa, "Along The Shoreline", bem semelhante a "Run Like Hell", e no disco escutamos sons que nos remetem a Waters, como latido de cachorro. Esta música é muito agitada, e você nunca havia feito coisa assim antes.
RW: (risos) De fato, "Along The Shoreline" é do estilo de "Run Like Hell", com a diferença que não precisei ficar gritando como Waters e Gilmour, sendo que ela é bem mais bonita, mais trabalhada do que a da egrégia dupla. Fiz isso simplesmente por gozação. E quanto ao cachorro, ele está latindo é para o Roger Waters(risos).
R: A impressão que sempre tivemos é que a competição que havia no Pink Floyd era entre Gilmour e Waters, mas , pelo que você acabou de falar, você entrou firme nesta briga.
RW: Eu diria que fiquei uns tempos adormecido, musicalmente falando. Agora, acordei e estou mostrando que sou melhor que Waters e Gilmour. Além de eu ter estudado música seriamente, possuo um feeling maior do que os outros integrantes da banda. Sempre fui o responsável pelo lado instrumental, pelo lado jazz, pelo lado viajante e até erudito do Pink Floyd. Sou um ótimo arranjador e seu melhor cantor. É lamentável saber que ainda existem pessoas que nem sabe que eu canto. Creio que a causa disso foi o monopólio de Waters e Gilmour.
R: É, mas parece que você se aposentou como letrista. No "Broken China" todas as letras são de Anthony Moore.
RW: Sempre tive dificuldades em escrever letras e nunca neguei isso. Quando resolvi compor "Broken China", a minha idéia era fazer um disco triste, sobre problemas existenciais, um disco que faria lembrar um pouco o "The Wall". Chamei Anthony Moore porque ele é um ótimo poeta, bem mais capaz do que Waters. Passei para a música toda angústia presente nas letras e o disco ficou superior ao "The Wall".
R: Pelo que vocè tem falado nesta entrevista, nota-se que não está satisfeito com o que vem ocorrendo no Pink Floyd há muito tempo. David Gilmour, certamente, saberá o que você disse, e será que ficará satisfeito? Já que anda tão animado, por que você não abandona o Floyd e segue um carreira solo ou forma um novo grupo?
RW: Houve uma certa época que eu, de fato, não estava contente com o rumo das coisas na banda. Isso foi na época do "Animals" e do "The Wall", Waters, que nunca foi uma pessoa fácil de se conviver, se tornou insuportável. Fiquei cada vez mais desanimado, com vontade de sair; acabei me acomodando, então Waters me dispensou. Hoje, apesar do Pink Floyd não existir mais como conjunto, as coisas melhoraram, já que Gilmour é um patrão bem melhor que Waters. Gilmour é uma pessoa fácil de se lidar. Minha conta bancária está cada vez mais gorda, e se eu sair do grupo, não faturarei tanto como agora. Quanto ao que eu disse sobre meus dotes, minha superioridade, Gilmour tem conhecimento disso. Ele não concorda, já que é um tremendo de um egomaníaco. Ele, com seu estilo de tocar e cantar, conseguiu cativar o público e monopolizar o grupo. As pessoas estão cada vez mais fissuradas com guitarra e isso Gilmour conhece bem. Há muita gente envolvida com o império do Floyd, todos preferem que Gilmour fique no comando. Digo o seguinte: David Gilmour pode ser o maior, mas quem não é o maior, tem que ser o melhor- eu sou o melhor!
R: Fale-me sobre seus dois primeiros discos solos.
RW: Desde aproximadamente 1973, eu já nutria vontade de tocar com outros músicos. Aos poucos fui colhendo material para gravar "Wet Dream"(1978). Devido minha ânsia de gravar o disco, não apresentei composições no "Animals", o que deixou Waters bem insatisfeito. Ele teve que compor em parceria com Gilmour a suite "Dogs", a qual deu muito trabalho.
Quanto ao projeto do Zee, tive a idéia de fazer um disco bem moderno, tecnopop, com pitadas progressivas. Tive consciência que chocaria os puristas, mas achei que seria interessante. Chamei Dave Harris, que liderava um grupo fraco de new wave, Fashion. O que me impressionou em Harris, foi sua habilidade como guitarrista e sua voz, parecidíssima com a minha. Ele escreveu todas as letras, cantou todas as músicas. Gostei, porque, apesar de eu possuir uma bonita voz, nem sempre estou disposto a cantar. No disco, nós dois tocamos todos os instrumentos. Bateria e baixo sintetizados. Os instrumentos mais 'humanos' foram guitarra e orgão(esse só tocado numa faixa). Nada de piano e violão. Não gostei do disco.
R: E os outros integrante do Floyd gostaram?
RW: Detestaram!
R: Quem compõe melhor: Waters ou Gilmour?
RW: Dá empate(risos).
R: Você fala da sua habilidade de compor, cantar, arranjar,mas nada diz sobre sua habilidade de tocar. Por que? Parece que você não gosta de se destacar como tecladista. Por que não aparece mais?
RW: Não falo da minha habilidade como tecladista, porque todos a conhecem. Sou, acima de tudo, um tecladista. No "Broken China" só eu toco teclados. No Pink Floyd, Jon Carin tem tocado, devido vontade de Gilmour; mas o mesmo toca tão pouco no "The Division Bell", que falei com Gilmour para colocar na ficha técnica que Carin só toca teclados adicionais. Sou um bom tecladista, embora reconheça que há tecladistas melhores do que eu. Não sou um exibicionista, não aprecio o que tecladistas como Keith Emerson, Rick Wakeman e Vangelis fazem. Muitas vezes, na primeira tomada de uma música, solo, mas depois experimento outros instrumentos, que acabam ficando melhor que o solo de teclado e faço overdubs. Não gosto só de teclados, gosto também de guitarra, saxofone, etc... No Floyd, Gilmour e eu somos os únicos bons instrumentistas. Aliás, Waters, a meu ver, nem é instrumentista.
Roger Waters
Repórter: Você não sente vontade de voltar para o Pink Floyd?
Roger Waters: Essa entrevista já começou mal! Que pergunta! Meu filho, não existe Pink Floyd sem Roger Waters!
R: Mas o grupo conseguiu sobreviver sem você. Como disse David Gilmour, vendem muitos discos e fazem shows com as casas lotadas.
RW: O público que lota os shows e que compra os discos, não é o público fiel, dos anos 70, na realidade é o mesmo público de Maddona e Michael Jackson.
R: Então você não pensa em voltar?
RW: Acho que é melhor parar com a entrevista. Será que você não entendeu que eu já dei a resposta? Sei que muitos, assim como você, gostariam que eu voltasse, mais isso está fora de cogitação.
R: Prefiro não opinar a esse respeito. Por que você não tem tocado mais baixo?
RW: Nunca fui bem um baixista. Na época em que éramos amadores, antes de chamarmos Pink Floyd, cheguei a tocar guitarra solo, depois passei para guitarra rítmo, até que cheguei ao baixo. Eu não era um bom guitarrista, então achei mais sensato que a guitarra fosse tocada por alguém que conhecesse. Por falta de opção, passei para o baixo, mas sempre o achei um instrumento chato de se tocar.
R: Richard Wright chegou a dizer que você nunca foi um instrumentista.
RW: Meu filho, quem é Richard Wright para dizer alguma coisa a meu respeito?
R: Gostaria que você não me chamasse de meu filho.
RW: Ora, eu costumo falar desse modo com todo mundo!
R: Noto um ar de superioridade quando você diz isso.
RW: Se te aborrece, não falarei mais desse modo. Continue com as perguntas, meu jovem.
R: É, não tem jeito mesmo... Mas, vamos adiante. Pelo modo como você fala, parece não dar valor algum as outros integrantes do Pink Floyd.
RW: Pra começar, ninguém é perfeito, incluindo a minha pessoa. Embora, eu tenha chegado perto da perfeição. Reconheço que sempre fui o instrumentista mais fraco do grupo, e, no começo, nutria um certo complexo por isso. No entanto, percebi que essa era minha única limitação. Porque , em compensação, fui, de fato, o único compositor, o melhor cantor, o melhor arranjador, o mais carismático, o mais inteligente, o que tem mais presença de palco e daí afora...
R: Então, por que algumas músicas compostas por você, eram entregues para Gilmour cantar?
RW: Eu achava que minha voz não ficava legal em certas notas. Isso eu penso que era devido modéstia e insegurança juntos. Depois, mais seguro, aperfeiçoei minha voz, e, hoje, não só eu, como todos sabem, que sou o melhor vocalista do Floyd. Meus agudos 'arrebentam'! A voz de Gilmour já não é mais a mesma e Richard Wright nunca cantou, só sussurrou. Eu também deixava Gilmour cantar, devido minha eterna generosidade: ele ficava aborrecido ao ser comparado com Barrett, então, eu supunha que ele fazendo o vocal, isso o promoveria. Viu, tanta bondade de minha parte e acabei levando uma punhalada nas costas?
R: Como assim?
RW: Quando gravávamos "The Final Cut", percebi que tínhamos esgotado nossas possiblidades como conjunto, daí , entendi que a banda deveria acabar. A principio Gilmour não concordou; depois aceitou. Anos depois, ele volta, usando o nome do grupo. Foi a maior sujeira do mundo! Nunca vou perdoar ele e Mason por essa velhacaria.
R: E Wright?
RW: Esse nunca soube o que queria. Me deu muito trabalho no "Animals" e no "The Wall". Wright não é um músico criativo.
R: Você escutou seu disco solo, "Broken China"?
RW: Não e nem pretendo, mas sei que ele se limitou a me imitar.
R: Wright disse que o disco é superior ao "The Wall" e que Anthony Moore é um poeta, um letrista melhor que você.
RW: Ha, ha , ha... Que piada! Jamais ouvi tamanho absurdo! Wright não sabe expressar angústia como eu; nem voz para isso ele tem. Onde já se viu comparar essa "Porcelana Quebrada" com uma obra-prima como "The Wall"?! Wright tem que crescer e aparecer! Quanto a Anthony Moore, ele teria que pedir benção para mim!
R: Gilmour acha que a letra não é importante numa música. O que você pensa sobre isso?
RW: Meu jovem, isso prova como o Q.I. dele é baixo. Se somarem os Q.Is. de Gilmour, Wright e Mason, não dão nem metade do meu!
R: Os outros integrantes do Floyd dizem que você é muito difícil de se lidar, que é autoritáro, agressivo...
RW: Isso não passa de uma calúnia! Eles sempre foram implicados comigo. Sempre tiveram inveja da minha superioridade. Sou um gênio, possuo um talento fora do comum! Percebi isso desde criança, e desde essa época, os professores e os colegas já implicavam comigo. Poucos sabem compreender um gênio. Mas, parece que sempre saio vencendo. Veja bem, meu jovem: no começo de nossa carreira, eu carregava outro complexo, o de ser o mais feio da banda, embora tivesse orgulho de ser o mais alto; hoje, sou o mais bonito, na verdade não envelheci, enquanto os outros estão parecendo que são meus pais(rs).
R: Mas, nem sempre você vence. Você perdeu na justiça a ação que moveu e o grupo sobrevive até hoje.
RW: É, meu jovem, você não deixa de ter razão. Meus discos não vendem tanto como os do mutilado Pink Floyd. Hoje, sou o mais pobre do Floyd. Se nos meus discos usasse o nome do Pink Floyd(e sou o único que tenho esse direito), faturaria bem mais do que eles faturam. Pelo menos tenho um consolo: Não estou tão rico como eles, porém tenho talento.
R: Qual a música que você mais gosta do David Gilmour?
RW: Isso eu não vou responder! E a entrevista termina por aqui, meu jovem filho!
Roger Waters(1998)
Repórter: Desde o cd "Amused to Death", lançado em 1992, que você não grava nada. Por um acaso, perdeu a criatividade?
RW: Menina, sua pergunta não procede. Um homem talentoso, como eu, nunca deixa de criar. Continuo compondo muito e, como sempre, fazendo belas canções.
R: Mas você não está gravando! As músicas vão ficar só pra você? O público não escutará? Explique o que está havendo.
RW: Menina, pela avalanche de perguntas que você acaba de fazer e pelo tom desesperado que usou, percebo que você o público estão ansiosos, muitíssimo ansiosos para ouvir meus novos trabalhos, mas , para suas infelicidades, terão que esperar um pouco mais.
R: Eu não disse que estou ansiosa em escutar seus discos, e...
RW: Como?! Você está querendo dizer que não gosta de minhas músicas?!
R: Não falei que não gostava de suas músicas, eu ia dizer que...
RW: Por favor, menina, decida! Você gosta ou não das minhas músicas?
R: Por favor, digo eu, Waters, deixe-me falar. Pra começar, não sei porque você me chama de menina, pois não sou tão jovem assim e nem você é tão velho.
RW: Obrigado pela parte que me toca. De fato, estou muito conservado e nem pareçoque tenho mais de 50 anos. Você não gosta que eu a chame de menina, quer ser chamada de vovó?
R: Olha, Waters, me chame como você quiser. A entrevista não está seguindo o rumo que deveria seguir...
RW: Não seja por isso, a gente termina por aqui, então.
R: Não senhor! Além da entrevista mal ter começado, você recebeu um cachê para isso.
RW: Você acha que faço questão desse miserável cachê que me foi pago? Sou um homem de posses, este pseudo-cachê que recebi, para mim é equivalente ao preço de uma caixa de fósforos.
R: Te peço, por gentileza, em respeito ao público, vamos continuar.
RW: Vou dar essa colher de chá para os meus fãs, mas agora me responda: você gosta ou não das minhas músicas?
R: Ora, a entrevistadora aqui,sou eu ou você?
RW: Poxa, como você é geniosa! Vamos garota, não custa responder.
R: Penso que quem entrevista não deve dar sua opinião pessoal. Creio que se eu dissesse que gosto de suas músicas, você ficaria muito convencido, e caso eu dissesse o contrário, você me agrediria.
RW: Incrível como você me julga mal, sou muito modesto, além de ser um homem muito gentil.
R: Você pode me responder, então, o motivo de não estar gravando?
RW: Por falta de músicos.
R: Como?! Não estou entendendo.
RW: É que ando tendo problemas com os músicos. Uns não tocam bem, outros são muito rebeldes. Como sou eu que componho e faço os arranjos, a música tem que ser bem tocada e do modo como quero, não da maneira com que os músicos querem. E os pago bem pra isso. Infelizmente, já não se fazem mais músicos como antigamente.
R: Por que então você não contrata David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason?
RW: Menina, menina, estou começando a me aborrecer com você! Acabei de dizer que não gosto de tocar com músicos medíocres. Tive paciência demais em tocar por uns quinze anos com os três. E digo com toda convicção: nunca mais terão o privilégio de tocar comigo.
R: Os três disseram que você está mais jovem do que eles é devido ter feito algumas plásticas.
RW: Se inveja matasse, os três já estariam mortos. Nunca fiz plástica. Estou jovem por estar com a consciência limpa, por estar de bem comigo, de bem com a vida.
R: Outra coisa que eles dizem é que você ataca muito a Margareth Thatcher em suas músicas, mas, na verdade, é um grande amigo dela; chegando até a almoçar com a mesma.
RW: Não admito isso! Se for comprovado que eles disseram essa mentira, os processarei! Detesto essa dama de gelo!
R: Calma, Waters! Me diga como foi trabalhar com Eric Clapton e Jeff Beck.
RW: Foi ao mesmo tempo bom e ruim. Os dois, assim como Jimmy Page, foram nossos inimigos musicais, fizeram pouco caso de nossa música. Isso, nunca esqueci. Jurei a mim mesmo que todos três tocariam comigo. Falei tanto com Clapton como com Beck, na ocasião em que tocamos juntos: "você criticava tanto o Pink Floyd, e hoje está tocando com ele(afinal , eu sou Pink Floyd). Eles não gostaram do que eu falei; quiseram desistir, mas lembrei-os que não poderiam rescindir o contrato, que havia assinado, lembrei igualmente do alto salário que estavam recebendo. Chegaram a falar que eu estava os humilhando. Clapton disse que nunca mais tocaria comigo. Beck chegou a quase me agredir. Interessante é que, ao tocar com eles, percebi que os mesmos tinham bem mais fama do que capacidade. Quanto a Jimmy Page, não vou chamá-lo, pois ele está muito decadente.
R: Por que o competente Gerald Scarfe não desenhou as capas de seus últimos álbuns?
RW: Quem disse que ele é competente? Mandei-o embora justamente por ele não estar desenhando direito.
R: É verdade que quando nas filmagens de "The Wall", você chegou a puxar um revólver para o Alan Parker?
RW: Sim, é verdade. Alan Parker é muito temperamental. Não estava dirigindo o filme como eu queria. Estávamos discutindo muito, daí, ele ameaçou largar o filme pela metade, aí tive que sacar o revólver. O que fez com que ele mudasse de idéia na hora(risos).
R: Waters, como você é agressivo!
RW: Não, engano seu. Sou até dócil.
R: Dócil?! Onde já se viu um homem dócil bater em mulher?!
RW: Já bati em diversas mulheres, inclusive na minha ex-esposa. Mas, se elas apanharam, é porque mereceram, por terem sido injustas comigo; se não me enchessem a paciência, não teriam apanhado. Contudo, não tenho preconceito, pois não bato só em mulheres, bato em homens também(risos).
R: Como é seu relacioanamento com seus filhos?
RW: Meus filhos me abandonaram. Ficaram do lado da mãe. Cheguei até a bater em um deles, devido ele ter me 'encarado', ao presencear eu dando uns tapas na sua mãe. É triste, hoje em dia, os filhos não respeitam mais os pais. Até pouco tempo, meu filho caçula morava comigo, mas peguei-o em flagrante, escutando o disco "The Division Bell"(proibi todos em casa de escutarem discos do Pink Floyd depois da gravação do "The Final Cut"). Dei-lhe uma surra e expulsei-o de casa.
R: E sua mãe, ainda vive? Fale-me sobre ela.
RW: Garota, você é reporter ou psicanalista? Não sei se minha mãe está viva, pois cortamos relações há muitos anos atrás e ela mora(ou morava) em outra cidade. Se queres saber como ela é, escute o "The Wall".
R: Wright disse que não conversa com você desde os tempos do "The Wall", mas que não haveria proble algum de voltarem a conversar. O que me diz sobre isso?
RW: Digo que não quero vê-lo nem pintado. Não gosto de gente preguiçosa, sem personalidade e indisciplinada.
R: Diga alguma coisa para o público que, certamente, espera ansiosamente escutar seus novos trabalhos musicais.
RW: Continuarei a procura de músicos à minha altura; caso não os ache, no meu próximo disco tocarei todos os instrumentos.
R: Mas, será que você consegue?
RW: Você está duvidando da minha capacidade?! Chega de entrevista! Lembre-se que tratei contigo que a nossa conversa não poderia ultrapassar a um determinado tempo,e já se passaram 5 minutos do que foi combinado. Chega , garotinha!!!
OBS.; Todas as entrevistas acima, não aconteceram. Eu que, em 1997, criei tal coisa. Na época, eu estava muito revoltado com o Pink Floyd, mesmo sendo tão fã do grupo. Eu condenava a postura de todos. Na verdade, não tomei partido de nenhum, como alguns: uns defendem Gilmour, outros ficam do lado de Waters... Claro, que exagerei muito, e diversos trechos destas entrevistas são cômicos.
Foi como se os integrantes do grupo, tomassem um soro da verdade, mas exagerando nas suas exposições.
Admiro todos os 4, acreditem!
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Comecei a ler essa entrevista, muito interessante por sinal, mas tive que interromper a leitura. Assim que possível a lerei na íntegra para poder comentar. Adianto a você que não entendo nada de rock, rs. Vc sim, é um entendido, eu apenas sou uma apreciadora e fã dessa banda.
ResponderExcluirbeijos!
Ok, grato por ler tão longa entrevista(rs).
ResponderExcluirAguardo seu comentário.
Beijos
fiquei com un pouk de raiva mais depois fiqi de boa amo a banda tenhu 16 anos i escuto pink floyd deus de peqno axo q o q vc espressou e a pura verdadesa da guerra q era dentru da banda axo q a banda nao e a mesma sein roger mais pink floyd e pink floyd
ResponderExcluirOi Eric. Mas vc ficou com raiva dos integrantes do Pink Floyd ou de mim, por ter inventado a entrevista?rs
ResponderExcluirApesar de Richard Wright ter composto menos q Waters e Gilmour, eu o coloco no mesmo nível dos dois.
Grato por navegar por aqui.
muito bem feito, parabéns. No fundo é por aí...
ResponderExcluirObrigado, anônimo.
ResponderExcluirApareça sempre!
verden,voçe e um louco sem-vergonha! se gilmour
ResponderExcluirte encontra por ai,sei nao nao hein!
mas valeu,gostei desse seu lado teatral,despudoradamente presunçoso,mas nao creio que david diria tais coisas,excluindo-se
dinheiro e outras patifarias mais.
voçe esta cada vez melhor,e recriando-se sempre.um forte abraço,fabio lima
rs. Fábio, anos atrás mostrei a entrevista para 4 pessoas: dois donos de loja de discos, um conhecido e um primo. Um dos lojistas, lia a entrevista com uma cara de ódio(rs), e a interrompeu, por um momento, para dizer: 'q fdp esse David Gilmour... e sei não, citar Chacrinha e Bolinha, acho q a entrevista é picaretagem'(rs). Respondi q não era, q os dois apresentadores brasileiros são conhecidos mundialmente. Ele continuou lendo... No final, perguntei o q ele achou. Ele falou q os Floyd se comportavam como meninos...rs Aí, chegou um conhecido nosso, ele falou: 'cara , vc devia ver q baixo nível os integrantes do PF... Aí revelei a ele q eu q havia criado a entrevista.
ResponderExcluirUm outro lojista, tb interrompeu a leitura, para dizer q outros homens no rock tb são bonitos como Gilmour(rs), incluindo os caras do Duran Duran. Perguntei a ele quem o mesmo achou o mais cheio de si; ele respondeu q era o Gilmour.
O conhecido disse q Gilmour só poderia estar fazendo hora com a cara do repórter ao dizer q era muito humilde(rs). Criticou tb o Wright pelo tecladista tb se achar o melhor da banda...
Meu primo disse q Waters precisaria de um psicanalista(rs), pois chegou ao ponto de até proibir seus filhos de escutar música do PF depois do "The Final Cut".
Foi tudo brincadeira.
Muito obrigado, Fábio.
Tudo de bom!
Abraços