A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Narcisismo e Sedução


Ótimo artigo do psicólogo Antonio Carlos Alves de Araújo.  Tudo a ver!  Pura realidade!


"Partindo para um estudo mais social da questão, não só a sedução é uma das formas mais dissimuladas do poder, como uma tentativa de escravizar o outro através de todo tipo de artifício, seja de natureza sexual ou não. O único objetivo é a satisfação narcisista do sedutor, sempre ocultando sua verdadeira personalidade. ADLER costumava usar a palavra “arranjo” para definir a busca de determinada vantagem ou facilidade através de um mecanismo neurótico, e é exatamente esse o padrão do sedutor. Sua meta básica é exclusivamente a de seu profundo egoísmo pessoal. Se pensarmos até na questão da depressão acharemos na mesma a sedução, no sentido do deprimido sempre almejar a solução de fora, se acostumando e tirando prazer na tentativa dos outros melhorarem seu estado de espírito.






Outra faceta do sedutor é seu eterno esforço para ser incluído, seja numa reunião social ou festa, ou qualquer outra atividade onde possa atuar seu narcisismo. Para obter o acima citado, o sedutor manipula principalmente a culpa das pessoas ao seu redor, fazendo-as ver que imensa falta fará um espírito como o seu, supostamente com tamanha habilidade para cativar o meio.



A sedução e o narcisismo, irmãos quase que gêmeos, talvez sejam a barreira mais neurótica contra uma real experiência amorosa, pois quando ambos atuam, tudo o que importa é o holofote dirigido a si próprio, sendo que o outro só tem importância como um espectador passivo e necessário para dirigir os aplausos ou seu desejo recém despertado para o sedutor.



Impressionante é o fato da estrutura social em que vivemos reforçar essa conduta e até superestimá-la, no sentido de explorar as recompensas pessoais e sociais através de caminhos tortuosos da conduta humana. O fato é que um determinado modelo econômico e social absolutamente aético e degradante, só reforça condutas pessoais distorcidas. Sempre um mecanismo coletivo acaba sendo incorporado ou trocado na personalidade de cada indivíduo.



A agressividade latente também é uma característica do sedutor, se manifestando quando este último cai em sua própria armadilha, no sentido de perceber que está começando a se envolver realmente com a pessoa na qual jogou seu poder de sedução. Neste momento é como se disparasse um alerta em sua personalidade, a fim de evitar qualquer experiência genuína de amor. Sua conduta na seqüência passa a ser de fuga ou de um infantilismo chocante aos olhos do parceiro. Emite conceitos do tipo: “não estou preparada para amar”, ou aquilo que podemos descrever como a mais sórdida desculpa, quando deposita no companheiro toda a carga de responsabilidade da relação afetiva, dizendo: “não poderei estar ao seu lado, pois você almeja algo muito profundo, sendo que minha pessoa não é merecedora de tamanha dádiva”.



É impressionante esta última declaração, pois é neste momento que o sedutor revela sua verdadeira natureza e espírito egóico, abrindo mão pela primeira vez de seu narcisismo ou receio da opinião alheia.



Podemos comparar ainda o sedutor como um jogador ou drogadicto compulsivo, que sempre atua da mesma maneira, independentemente das conseqüências pessoais e sociais de sua conduta. Seja alguma ocasião especial ou não, o sedutor necessita obter destaque e ascensão sobre os outros.



Finalizando podemos afirmar ser necessária uma reflexão profunda, acerca das responsabilidades pôr nossa conduta e estilo de vida, bem como o impacto pessoal e coletivo desse processo, caso contrário só continuaremos a reforçar a imensa miséria psíquica e afetiva em que vivemos."









ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO- PSICÓLOGO -

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