Um, dois, livre quatro
As recordações de um homem em sua velhice
São as ações de um homem na sua juventude
Você se arrasta na escuridão da enfermaria
E fala com você mesmo enquanto morre
E vida é um momento quente e curto
E morte é um descanso frio e longo
Você tem sua chance para tentar
Num piscar de olhos
Oitenta anos com sorte ou até mesmo menos
Então todos a bordo para a excursão americana
E talvez você chegue ao topo
Mas pense como ir
Eu posso lhe falar porque eu sei
Você pode achar difícil descer
Mas você é o anjo da morte
E eu sou o filho do homem morto
Ele foi enterrado como uma toupeira em um buraco
E todo mundo ainda está na corrida
E que é o mestre dos caçadores de raposa
E que diz que a caça começou
Que chama a melodia na sala de tribunal
E que bate o tambor funerário
As recordações de um homem na sua velhice
São as ações de um homem na sua juventude
Você se na escuridão da enfermaria
E fala com você mesmo enquanto morre(Roger Waters)
x___________x
Há mais de 30 anos que conheço a canção "Free Four", e só ontem que tomei conhecimento, através de um site da internet, de sua letra. A amargura de Roger Waters é bem conhecida. No entanto, nos discos mais antigos do Pink Floyd, ele não era sempre amargo, costumava ser até objetivo, focando coisas da natureza, por exemplo. Daí, me surpreendi com a letra de "Free Four", até mesmo porque sua melodia é bem alegre, é uma música gostosíssima de se escutar. Waters canta traquilamente, com sua bonita voz(eu devo ser o único mortal que prefiro Roger Waters que David Gilmour como cantor), sem gritar.
Outra coisa interessante é que "Free Four" foi gravada no mesmo disco que "Childohood's End"(Fim da Infância- já postada aqui); ela vem em seguida à música de Gilmour, e ambas são letras amargas, focando temas como a morte, com melodias alegres, cantadas tranquilamente(ou seria cinicamente?) por seus autores.
E quando Waters diz: "Sou filho de um homem morto", refere a si mesmo, já que Waters era um bebezinho, estava no berço, quando seu pai foi morto na Segunda Guerra Mundial. E ele ainda fala que seu pai foi enterrado como uma toupeira num buraco(impressionante!).
Quer dizer que você não teve pai, grande/poderoso Roger Waters? Pois eu tive, meu caro! Morei com ele até meus 31 anos, ao me casar. E o velho morreu com 71 anos, quando eu estava com 46, há 9 anos atrás.
Ele era um pai ausente, calado, sisudo, não conversava comigo e nem com seu outro filho. Mas, não era bem assim, pois ele me xingava muito, me tratando como se eu fosse um criminoso, chegando até a me humilhar. Nenhum carinho, nenhuma palavra amiga. Ah, poxa, que cara chorão eu sou, meu pai era honesto, trabalhador e nos deu conforto. Mas, que diacho, por que então, sempre que a Rede Globo exibia o filme, "Meu Pai, um Estranho"(filme que nunca vi), eu me lembrava dele?
E pensando bem meu pai tinha razão em não me dar papo e me xingar, afinal toda criança é inocente, pura e besta... e cansativa, repetitiva, fazendo muitas perguntas... Então, por que colocar filhos no mundo? E não podemos esquecer que nossos filhos um dia vão morrer também, por que então colocá-los no mundo, e eles sofrem para viver? Ham, como é? O instinto faz com que o ser humano perpetue a espécie, e a vida tem seus bons momentos, que devem ser vividos da melhor maneira possível... Entendi...
Pena que é tudo fugaz, incerto, sofrido...
O velho Waters com seu velho ex-colega de serviço, Nick Mason
O tempo a seu favor: De um dos homens mais feios do mundo, na juventude, a quase um sósia de um galã, na velhice
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