"De médico e de louco, todos temos um pouco". Creio que no meu caso, só tenho de louco, mas, humildemente, receitarei um remédio para aqueles que são vítimas do tédio, os que estão triste. De antemão, aviso, se querem tomar tal remédio, tem que gostar de rock, em especial hard rock.
O nome do remédio é Birth Control, uma ótima banda alemã, que só mesmo quem não gosta de rock, hard ou progressivo, ou tem preconceito a respeito do rock alemão, pode não gostar.
Birth Control, a bem da verdade, nem se assemelha a uma banda alemã, assim como outras do seu país, parece um grupo inglês ou norte-americano.
Nota-se que até mesmo pelo seu nome, o grupo desperta curiosidade. Controle de Natalidade... E eles não eram nem um pouquinho chegados no Papa... que pregava o contrário. Fizeram muitas sátiras ao "Santo" Padre, chegando até a serem censurados por isso.
E começam muito bem no seu primeiro disco(1970), que na capa exibe uma foto de uma caixa de anticoncepcional, com a banda dentro. O disco, pelo que li, não é muito apreciado, mas gosto muito dele. É diferente , sim, dos trabalhos que ainda estavam por vir. Tem a ver com o hard, até mesmo um pouco com o rock progressivo, mas é bem psicodélico, influenciado até pelos Beatles; de quebra um cover da famosa "Light My Fire", do The Doors.
Eis a capa:
Birth Control não chega a ser um grupo palhaço, mas sua alegria é contagiante. Uma das músicas do disco, instrumental, depois de uma longa introdução, que nos faz esperar por uma viajante canção progressiva, se torna uma música típica de circo, com solo de orgão e um acompanhamento hilariante de guitarra.
A formação da banda era a seguinte:
- Bruno Frenzel / guitar, vocals
- Bernd Koschmidder / bass
- Bernd Noske / drums, vocals
- Reinhold Sobotta / organ
O vocalista principal era o baterista Bernd Noske. Um senhor cantor, dono de um timbre de voz único, que muito ajudou no som da banda, marca registrada do Birth Control. O homem tinha gogó!
Outro grande destaque era o guitarrista Bruno Frenzel, que, durante muito tempo, foi o principal compositor, carregando o grupo nas costas com suas grandes composições. Seus riffs de guitarra eram poderosos, mas o trabalho de orgão sempre foi muito eficiente, muitas vezes se destacando até mais que a guitarra de Frenzel.
"Operation"(1971) é o segundo trabalho deles. Bem melhor que o primeiro. Bem mais hard, com pitadas progressivas. A formação da banda é a mesma. Dá pra notar o sarcasmo da banda pela capa. E no meio da capa é exibido uma foto do então Papa Paulo VI, abencoando a desgraça das crianças. A capa foi alvo de censura. "Operation" é um dos melhores trabalhos do Birth Control. Todo composto pelo guitarrista Bruno Frenzel. Curiosamente, na última faixa, não escutamos guitarra, é uma balada, bem triste, talvez a mais triste do grupo, com muito piano e orquestra.
"Hoodoo Man"(1972), foi através dele que conheci esta ótima banda. Meu disco é em vinil. O comprei há uns dez anos atrás, por 15 reais. É meu segundo disco predileto da banda. Bem, pelo título do álbum e pela capa, creio que nem precisa explicar que eles continuam obcecados com a mesma coisa... rs
Neste disco, há uma mudança na formação: o novo tecladista é Wolfgang Nauser, tão competente como o anterior, e até toca um pouco de sintetizador e vibrafone ocasional. Bruno Frenzel novamente compôs todo o material. A última faixa, instrumental, com latido de cachorro, é hilariante!
"Hoodoo Man", hard rock progressivo da mais alta qualidade!
O disco seguinte, "Rebirth"(1973), apresenta mudanças mais marcantes. Novamente eles trocam de tecladista. Zeus B. Held, além de ser um exímio tecladista, toca instrumentos de sopro, como saxofone, flauta e trombone. Estranhamente, eles adicionam mais um guitarrista, e guitarrista solo(?!), Dirk Steffens; trocam de baixista também:Peter Föller, que atua nos vocais. Outra novidade é que o guitarrista Bruno Frenzel toca saxofone numa das músicas. Apesar da instrumentação estar mais sofisticada e das novidades, o disco não é tão progressivo e bom como os anteriores, embora estar longe de deixar a desejar, é outra grande pedida desta excelente banda!
E assim como todas as grandes bandas dos anos 70, o Birth Control grava seu primeiro disco ao vivo(1974), cheio de improvisações. O guitarrista Derk Steffens já nao fazia mais parte da banda.
Notem que , mais uma vez, o Papa leva a dele, ele é mais uma das pessoas de plástico. "Plastic People" é bem progressivo, muito bem trabalhado no instrumental, com enfase aos teclados de Zeus B. Held e com músicos convidados do cenário alemão , do primeiro time! Porém, ai o porém, a maioria das músicas é cantada pelo baixista Peter Foller. No anterior disco de estúdio, "Rebirth", Foller já havia aparecido nos vocais, mas como o disco tem mais melodias movimentadas, a voz do baixista era mais suportável. No "Plastic People" o que escutamos são músicas mais lentas, progressivas, que não se encaixam com o vocal de Peter Foller. Se existe uma explicação para ele dominar o vocal, deixando Bernd Noske para o segundo plano, não sei, mas creio que assim como eu fiquei indignado, outros fãs da banda devem ter tido o mesmo sentimento.
Será que foi por protesto dos fãs? Não sei, mas para nossa alegria, Foller parou de cantar, e Noske voltou com força total no vocal. Na minha modesta opinião este é o melhor disco do grupo. Bem progressivo, riquíssimo em arranjos, apesar de nada ter de humor, é um disco triste, uma história triste. Um dos poucos discos que Bruno Frenzel toca violão. Obra-prima!
Mais mudanças: Peter Foller sai da banda(será pq não gostou de parar de cantar?). No seu lugar entra o excelente baixista, Horst Stachelhaus, ex- Message. Outra novidade foi a inclusão do baterista Manfred von Bohr. Bernd Noske, desta vez, fica por conta apenas dos vocais e toca um pouco de percussão.
"Increase"(1977) é o mais fraco trabalho do grupo, eu penso. Mesmo não chegando a ser um disco ruim, não tem o brilho dos anteriores. Escutamos até músicas de balanço, dançante. Mas, repito, não é um disco ruim, e em termos de introdução, em cada faixa, talvez seja o melhor disco que já escutei. Não sei se me fiz bem claro: introduções muitíssimo bem feitas, como nunca vi igual, faixa a faixa.
À partir daí, Birth Control continuou gravando. Criaram um som mais pro rock pesado que o progressivo,mas sempre exibindo qualidade e bom humor. Pelas capas, vocês entederão bem o que eu quero dizer.
"Bang" foi gravado em 1982. A meu ver , o disco mais pesado do grupo, no qual mais predomina guitarra(s). Um bom disco também. No ano seguinte, três dias depois de um concerto, o guitarrista Bruno Frenzel nos deixa... Pelo que entendi, ele já estava adoentado.
Bernd Noske resolve continuar a tocar o barco, alegando que essa era a vontade do saudoso guitarrista do Birth Control. Só voltam a gravar nos anos 90. Mas, com muita qualidade, qualidade rara nos grupos dos anos 70 que voltaram à ativa. Foram de dois a três discos, nos anos 90, mas com aquele sabor setentista, que vale a pena ser escutado, apesar da ausência de Bruno Frenzel. E ainda existe um disco gravado neste século, que , infelizmente, não conheço.
http://www.60s-classic-rock.com/biography/birth-control-biography.html
Que postagem enooooooooooooooooooooorme... não consigo ler não... vou ler em doses homeopáticas...
ResponderExcluirCalma Ana, o do balanço do ano foi maior, pô! Sou prolixo mesmo! O do Pink Floyd foi maior ainda, não se lembra? rs.
ResponderExcluirBeijos