segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Espaços Vazios
No final de 1979, o Pink Floyd lancou o álbum duplo, "The Wall". Apesar da minha parca condição financeira, mal fiquei sabendo disso, e nem quis esperar o disco sair no Brasil. Na minha humilde cidade não era possível comprar disco importado, fiz o pedido para que tal disco chegasse para mim, através da Varig... dei um interurbano para o Rio de Janeiro, loja Modern Sound. Nenhuma música ainda havia sido executada no rádio. Já na primeira audição, adorei o disco. Percebi que as músicas eram mais curtas, mas em nenhum momento desdenhei o disco, e, jamais poderia supor que faria tanto sucesso, sendo escutado até em AMs.
Na verdade, um disco solo de Roger Waters, com uma boa ajuda de David Gilmour. Os puristas progressivos ou progressistas-sei lá- não gostaram do trabalho. Mas, na minha modesta opinião, "The Wall" é uma obra-prima. Roger Waters chegou no ápice como compositor. Tentou repetir a fórmula no "The Final Cut" e nos seus trabalhos solos, mas, os resultados foram pífios. Waters ficou preso a tal estilo, se tornou repetitivo e não voltou mais a ser o grande compositor que era.
E no "The Wall", Waters não poupa ninguém, nem a si mesmo. Coitada da sua mãe. Bem, coitado de nós todos.
A síntese do disco poderia ser mais bem entendida numa faixa que não apareceu no disco original- só a letra que nos é apresentada. No filme homonimo, nas apresentações ao vivo, tal faixa foi executada. Tal música não chega nem a dois minutos de duração, mas retrata com maestria a triste condição humana. Roger Waters proclama um niilismo, um anarquismo, mas como disse um de seus colegas, Nick Mason: 'ele criticava os ditadores, mas se comportou como um". E, dentro das contradições humanas, Waters se mostrou um engajado,um altruísta. Bem, contradições a parte, estou bem alienado,niilista e anarquista, e penso que "Empty Spaces" talvez seja a música que mais retrata a nossa triste condição humana, a nossa hipocrisia. Prestem atenção na letra. Me lembrei até de Schopenhauer.
Empty Spaces
What shall we use to fill the empty spaces
Where waves of hunger roar?
Shall we set out across this sea of faces
In search of more and on applause?
What Shall we do Now?
Shall we buy a new guitar?
Shall we drive a more powerful car?
Shall we work straight through the night?
Shall we get into fights?
Leave the lights on?
Drop bombs?
Do tours of the east?
Contract disease?
Bury bones?
Break up homes?
Send flowers by phone?
Take to drink?
Go to shrinks?
Give up meat?
Rarely sleep?
Keep people as pets?
Train dogs?
Raise rats?
Fill the attic with cash?
Bury treasure?
Store up leisure?
But never relax at all
With our backs to the wall
Backs to the Wall
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