A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

domingo, 15 de agosto de 2010

Infidelidade


Infidelidade foi sempre um coisa que muito me incomodou, que me enoja.  Seria um trauma, já que minha falecida avó materna era uma adúltera?  Nascida em 1912, minha simpática, carismática, bonita e carinhosa avó traiu praticamente a todos os homens os quais ele teve um romance.  Seu marido a pegou no flagra com um famosíssimo político brasileiro, que era seu chefe. O último affair da minha querida vovó, quando ela contava com quase 70 anos, foi um jovem militar, mais jovem que sua filha caçula, poucos anos mais velho  do que eu.
Felizmente, seus dois filhos do sexo feminino, não tinham como característica serem infiéis. Dos 3 filhos homens, dois adoravam pular uma cerca(um deles já faleceu).  Meu tio materno é tão galinha, trocou tanto de mulheres em sua vida, que meu ex-padastro chegou a apelidá-lo de "pinto doce"(que me desculpem as senhoras e senhoritas que frequentam meu humilde blog). A pobre coitada de sua esposa sofreu muito com ele.

Mas, e os homens com pose de respeitáveis?  Meu pai, homem sisudo, que chegou até a trabalhar por muito tempo sem dia de folga, sem férias, com carga horária de até 70 horas semanais, um homem que notei ,quando trabalhei com ele, que não dirigia seu olhar para as mulheres, surpreendentemente traiu minha infeliz mãe. Minha saudosa mãe suspeitou dele, e contratou um detetive: o homem tinha uma amante, uma mulher vulgar, sustentada por ele. Pra piorar a situação, meu pai transmitiu doença venérea para minha ingênua mãe.
Na época, eu tinha uns 20 anos, morava com minha avó materna, e não acompanhei direito o drama. Impressionante como minha mãe ainda continuou com ele. Ela disse ter tido vontade de se suicidar.

E a infidelidade feminina?  Minha avó materna foi um caso a parte, uma revolucionária que em pleno século 30 chifrou o marido.
Bem, um artigo abaixo, da psicóloga Claudia Morais comprova que as mulheres praticamente se igualaram aos homens também nesse quesito.  O artigo é interessantíssimo e revelador. Porém, discordo no tocante a percentagem de infiéis, pra mim o número é bem maior.
É bem raro, hoje em dia, uma pessoa fiel.  Com a popularidade do mundo virtual, aí sim que a infidelidade prolifera.
Muitos, com a desculpa que não se pode levar o mundo cibernético a sério, deitam e rolam...
Ainda assim, a sociedade continua sendo muito cruel com a mulher adúltera e benevolente com o homem infiel. Daí, muitas, espertamente,conseguem trair sem serem descobertas.  Como de praxe, muitas pessoas sabem da traição, o marido ou é o último a saber, ou nunca saberá(ou será que finge de bobo?).  Eu, particularmente, abomino infidelidade de ambos os lados. A mulher do passado, dependente financeiramente e submissa ao marido, 'tolerava' suas escapadas, mas com muita dor, muita mágoa dentro de si. A mulher atual, independente, de personalidade forte, hoje dá o troco, no entanto, tem que posar de fiel, bradar: 'sou fiel,sou mulher de um homem só"- são resquícios do machismo.
O casamento não está em extinção, o que está em extinção é o amor, é a fidelidade.
Mentira  e ocultação não seriam também uma forma de infidelidade?
E viva a igualdade entre os sexos!

NFIDELIDADE FEMININA






Já aqui escrevi sobre os mitos associados à infidelidade. E também já expressei a minha discordância em relação à estereotipagem dos papéis de género, que enfatizam a ideia de que os homens e as mulheres pensam e sentem tudo de modo diametralmente oposto. Hoje decidi desmontar uma crença há muito enraizada: a de que os homens traem mais do que as mulheres.



Ainda há quem defenda que os homens são incapazes de ser monogâmicos e que as mulheres – coitadas – não passam de vítimas nas suas mãos. A própria ficção – a literatura, o cinema ou a televisão – continua a alimentar a ideia de que as mulheres que se envolvem com homens casados são frágeis, dominadas por uma combinação explosiva de fraca auto-estima e dependência emocional. A mulher que é apanhada num caso de traição é quase sempre a amante do marido, e não a mulher casada.



Ora, as estatísticas – e a minha experiência clínica – demonstram exactamente o contrário. Alguns estudos indicam que 45-55% das mulheres casadas e 50-60% dos homens casados têm relações extraconjugais. Numa sondagem levada a cabo nos Estados Unidos 74% dos homens e 68% das mulheres admitiram que seriam capazes de ter um affair se tivessem a certeza de que não seriam apanhados.



Bem sei que as coisas não foram sempre assim e que no tempo dos meus avós a disparidade dos números seria maior. Mas enganam-se aqueles que consideram que nesse tempo não havia infidelidade feminina!



A infidelidade – masculina ou feminina – depende, também, da oportunidade, pelo que é importante considerar que a emancipação da mulher potenciou o contacto com pessoas do sexo oposto, favoreceu o equilíbrio em termos do poder conjugal e minimizou a dependência em relação ao marido. Mas as donas de casa também têm affairs. E tê-los-iam há trinta ou quarenta anos atrás, ainda que poucos suspeitassem.



Quanto às razões subjacentes à infidelidade: de um modo geral (cada caso contém as suas próprias especificidades), as pessoas traem o cônjuge pelas mesmas razões por que se separam, isto é, porque as suas necessidades afectivas não estão a ser preenchidas pela relação “oficial”. Em muitos casos, o que está em causa é a ligação emocional.



Mas o peso do “pecado” também já não é o mesmo e o sexo pelo sexo também existe – nos dois géneros, claro.



Há diferenças de género, sim, na forma como homens e mulheres lidam com a revelação de que foram traídos. Os homens tendem a isolar-se mais, pelo que apresentam maior resistência a pedir ajuda externa.(Claudia Morais)



Folhetim*



Se acaso me quiseres



Sou dessas mulheres



Que só dizem sim



Por uma coisa à toa



Uma noitada boa



Um cinema, um botequim







E, se tiveres renda



Aceito uma prenda



Qualquer coisa assim



Como uma pedra falsa



Um sonho de valsa



Ou um corte de cetim







E eu te farei as vontades



Direi meias verdades



Sempre à meia luz



E te farei, vaidoso, supor



Que é o maior e que me possuis







Mas na manhã seguinte



Não conta até vinte



Te afasta de mim



Pois já não vales nada



És página virada



Descartada do meu folhetim







*Chico Buarque, Ópera do Malandro

2 comentários:

  1. rsrsrsr... fico com raiva e nem quero saber porque. Talvez porque também passei por isso e sei que a gente para no tempo, constrói uma bolha em torno da dor para "protegê-la" e podermos sofrer em paz. Enquanto isso, deixamos passar momentos que nos fariam felizes, abririam
    novas possibilidades, nos apresentariam novos sonhos. A raiva não é de vc. É dessa dor neurotizante e neurótica que pessoas como vc (e eu) nos impingimos.
    Bom, sobre o novo post, acho que vc tem razão em tudo. Acho que homens e mulheres traem igualmente em termos de quantidade, mas talvez a mulher, por toda a histórica de repressão, traia com mais "qualidade", quer dizer, faça muito mais bem feito. Só isso.
    Um domingo lindo pra vc.
    Beijos.

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  2. Hum... agora entendi.rs
    Um ótimo domingo pra vc tb, Lua!
    Beijos

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