A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Assustador Roger Waters


               Forever friends

                     Uma esmolinha, pelo amor de Deus!
Roger Waters encerra o disco "The Final Cut", com "Two Suns in The Sunset", narrando, no começo da música, com tranquilidade, suavemente, o fim do mundo! No entanto, no meio da canção, o clima se eleva, aparece o desespero, Waters grita "Você congela os momentos no tempo com seu medo
E você nunca mais ouvirá suas vozes
E você nunca mais verá seus rostos
Você não tem mais o recurso da lei". Depois volta a cantar do modo que começou, com tranquilidade...
"Finalmente, eu entendo os sentimentos da minoria. Cinzas e diamantes, amigos e inimigos, somos todos iguais no fim". E a música se encerra com um solo de saxofone. Na minha opinião, ficaria melhor, o término com um solo de guitarra, ou até solos alternados de sax com guitarra.

No "The Wall", Waters brigou com Wright.  David Gilmour: "Wright não estava fazendo o que ganhava para fazer".  No "The Final Cut" era chegada a vez do baixista brigar com Gilmour e Mason.
Nick Mason: "Waters criticava muito os ditadores, mas estava agindo como se fosse um deles".
O Floyd não apresentou shows tocando músicas do "The Final Cut". Até mesmo pelo título do álbum, O Corte Final, dá para se supor, que o grupo havia chegado ao fim. Hoje, na internet, é dito que Waters anunciou o fim do grupo em 1985, no entanto, durante anos, não li nada a esse respeito.

Em 1984, Waters lança "The Pros and Cons of Hitch Hiking". O estilo é o mesmo iniciado em "The Wall". No disco, assim como no "The Final Cut", não escutamos sintetizador. É melhor que o "The Final Cut", mas bem inferior ao "The Wall". As letras não me tocaram muito; confesso até que não entendi bem o que Waters quis dizer. Fácil de entender foi que o mesmo continuava xingando, criticando, berrando(rs). Continuou o uso e abuso de saxofone e coro feminino. O pianista e maestro Michael Kamen ainda estava presente. A grande e saudável novidade foi a presença de Eric Clapton . No "The Final Cut", a guitarra de David Gilmour estava meio apagada, no "The Pros and Cons..." não se pode dizer o mesmo, Clapton brilha. O que incomoda no disco é que Waters repete muito as notas do tema central, no entanto, há bonitas canções, como "Sexual Revolution", uma música perfeita, com um trabalho monumental de Eric Clapton, um eficiente toque de baixo e o vocal raivoso, cheio de emoção de Roger Waters. Mas a que eu mais gosto é a faixa título, que é do estilo de "Another Brick in The Wall-part 2", com um refrão forte, belíssimo, cantado pelo coro feminino.
A fúria, o desespero, o inconformismo de Waters , se faz notar com mais intensidade em "Go Fishing", que apresenta um bonito solo de dobro guitar, magestralmente tocada por Clapton.

"When The Wind Blows"(1986) é uma trilha sonora, com a participação de músicos como David Bowei, Phill Collins e Genesis, mas é Waters que contribui mais, suas composições preenchem metade do disco.
E, desta vez, o baixista se preocupou mais em fazer efeitos sonoros, insossos até, eu penso. Nas músicas, propriamente ditas, seu estilo continuou o mesmo, arranjos idem. Clare Torri, aquela que brilha com sua voz em "The Great Gig in The Sky", participa do disco. A novidade foi que Waters compôs, pela primeira vez, uma música instrumental.

Em 1987, Waters lança "Radio Kaos", um disco detonado pelos críticos e por grande parte do publico.
O disco é um típico álbum dos anos 80, repleto de sintetizadores, sequenciadores e bateria eletrônica. Mas o saxofone e o coro feminino ainda tinham presença bem marcante. Os solos foram curtos; em algumas músicas nem escutamos solos. A guitarra não brilhou, como no "The Pros and Cons...". Ainda assim, gostei mais do "Radio Kaos", que dos seus álbuns anteriores(incluindo "The Final Cut"). As melodias me cativaram mais. A voz de Waters saiu incrível na faixa título.

Ainda em 1987, o Pink Floyd, sob a batuta de David Gilmour, volta a gravar. Waters não gosta nem um pouco disso, entra na justiça, mas perde...

Cinco anos depois, lança "Amused to Death". Desta vez, as letras voltaram a me tocar mais. O homem continuou de mal do mundo(rs), criticando religião, capitalismo... Na faixa título, ele , junto com uma voz feminina, diz: 
"Doutor Doutor, o que está errado comigo?
Essa vida de supermercado está ficando longa demais
Qual é a vida de uma TV colorida
O que é a vida em uma concha de uma rainha adolescente". E que título a música tem, Se divertindo até morrer!

Em "Amused to Death" não escutamos saxofone(até que enfim, ufa!), mas o coro feminino continua á toda.
Na guitarra, temos a presença do ilustre Jeff Beck, que dá um verdadeiro show.
"It´s a Miracle"(já postada aqui no blog) , uma crítica ácida, sarcástica e triste ao capitalismo, é minha música predileta de Waters, em sua carreira solo.
Tenho esse disco, nas antigas fitas cassete. Na época de seu lançamento, eu detestava cds. Esperei ansiosamente que fosse lançado o vinil, mas nada... Então comprei a fita gravada, que veio com uma capa similar à do cd, com letras, ficha técnica. A gravação da fita é ótima, e, até hoje a tenho.
A meu ver, esse foi o melhor trabalho solo, que Waters nos apresentou.

Quanto à ópera "Ça Ira", lançada em 2005, não me fez a cabeça.

E Waters continuou fazendo muitas apresentações ao vivo, inclusive aqui, no Brasil. Voltou a tocar e fez as pazes com seus ex-companheiros do Pink Floyd; apresentou umas poucas músicas inéditas, sem mostrar novidade alguma, se mostrando bem repetitivo.

Vale lembrar que em 1970, ele junto com o músico de vanguarda, Ron Geesin, gravaram "Music From The Body". Esse álbum, na verdade, é mais coisa de Geesin, que é o autor da maioria das músicas(no disco consta 22 faixas!!). O disco é bem insano, chegamos até a escutar barulho de flatos e arrotos. Mas tem seu lado melodioso: Waters compõe três músicas bem suaves e Geesin mostra seu lado, bem erudito, em canções com arranjos de violoncelo, violão, banjo, bandolim, violino. Eu adoro o disco!

Chamo o Waters de "assustador", pelo fato de seu gênio irascível, pelo seu inconformismo, pela sua inquietude.  Nick Mason:  Rick Wright sempre foi o mais quieto do Pink Floyd , Roger Waters sempre foi o mais intimidante; eles não mudaram, com o passar do tempo".
E, de tão assustador, ele já andou assustando até mesmo a minha saudosa mãe e ao meu irmão(rs).
Eu tinha o costume, na casa dos meus pais, de ouvir música com o quarto trancado. Um dia, meu irmão ao entrar no quarto, entrou quando eu ouvia "The Final Cut": a terceira faixa havia terminado, depois de um curto silêncio, "The Hero's Return" entra , de forma avassaladora, guitarras, bateria e baixo fazem muito barulho, meu irmão se assusta, dizendo o tradicional, 'q susto!', mas leva tudo no bom humor, sorrindo.
Com a minha mãe já não foi bem assim(rs). Eu escutava "The Pros and Cons...", e minha mãe entrou no quarto, assim como aconteceu com meu irmão, quando havia silêncio no disco, aí, Waters dá um terrível berro(rs), e os instrumentos musicais vão às alturas! A mama, que nunca foi chegada em palavrões, proferiu um: filho da p.(rs) , e olhou com uma expressão para o disco, repleta de ódio. Minha mãe sempre detestou meus discos, chegando até a dizer, em muitas ocasiões: 'Não existe dinheiro mais mal empregado, do que comprar discos".
A visão que uma parte do público tem sobre Waters , também é interessante, um conhecido meu, jornalista, psicanalista, quando o baixista gravou "The Pros and Cons..." , disse: "Waters já está enchendo o saco! Ele precisa é de fazer uma terapia"rs.







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