A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

domingo, 29 de agosto de 2010

O Pior Dia da Minha Vida


Hoje faz dois anos que minha mãe partiu para sempre. Acometida de enfisema pulmonar, minha querida mãe ficou internada 37 dias, quase um mês no CTI. Sobreviveu a duas infecções hospitalares, a terceira foi fatal.  Dois ou um dia, não me recordo mais ao certo, antes da sua morte, meu irmão me falou que o médico havia avisado que só um milagre poderia salvá-la. 
No dia em que ela morreu, era pouco mais de meio dia, eu havia acabado de almoçar, seu companheiro me telefonou, avisando que o médico liberou as visitas em todos os horários no CTI, já que não se podia mais fazer nada por ela. Fui correndo pro hospital. Ao chegar, encontrei com o meu tio materno galinha, que havia chegado a poucos instantes. Era umas duas e pouco da tarde, as recepcionistas não deixaram a gente entrar, alegando que a psicóloga, que tinha a função de liberar as visitas, já havia ido embora... Teríamos que esperar até às 16:00 hs.  Pouco depois das 15 hs., nos liberaram. Tentei entrar no quarto, as enfermeiras o fecharam rapidamente, não deixando a gente entrar, e mandaram nós conversarmos com a médica. E eu ainda não havia enxergado o óbvio. Aí a jovem e bonita médica nos disse que fizeram todo o possível para salvá-la, mas que ela faleceu às 15:15. Nem sei bem descrever a dor que senti, eu olhei pro meu tio, fiz um gesto , como se estivesse a perguntar: mas não é possível que isso aconteceu?! Não é verdade! Pouco depois, quando seu corpo foi liberado, fui o primeiro a vê-lo. A sensação que tive talvez tenha sido pior que a notícia dada pela médica sobre sua morte. Minha mãe estava coberta por um pano branco, parecia uma múmia. Quando as enfermeiras tiraram o manto, uma coisa terrível veio sobre mim, pensei: mas isso é que é a vida, é para isso que nascemos e depois de tanta luta, nos tornamos isso: um corpo inchado, cheio de manchas roxas, um corpo sem vida! Fiquei desesperado, 'conversando' com ela, a 'xingando' por ela ter ido antes de mim.  As enfermeiras me ofereceram remédio, não aceitei. Felizmente, não passei mal.
Pra piorar a situação, no caminho de ,casa no ônibus,  mesentei com uma senhora que só falou em morte, e ainda tentava me consolar pela morte da minha mãe.  Não fui no velório e nem no enterro.  Não tive coragem de vê-la no caixão , e temi minha reação no velório, eu não queria que ninguém testemunhasse minha dor.  Se eu dormi duas horas na fatídica noite foi muito. Foi uma noite de terror. Eu só via o mal, como se a morte fosse um lugar terrível, escuro, abafado. Pavor, tristeza, desilusão... Cheguei até a pensar que se eu continuasse desse jeito nos outros dias, seria obrigado a tomar calmante(e olha que detesto tomar remédio). Eu pensei tanta coisa ruim naquela noite, que cheguei a um ponto de eu mesmo tentar me acalmar, como se alguém me falasse:  mas deve haver uma saída, no universo também existem coisas boas, tudo um dia passa...  No dia seguinte, eu chorei o dia inteiro.  Eu ficava diante do computador por uns instantes, para logo em seguida, ir para o quintal, chorando... Á noite , resolvi colocar meu drama na minha página de recados do orkut, e, justamente, minhas duas melhores amigas me consolaram: LB e LL.  Hoje , ambas são minhas inimigas... A sensação ao ver o 'santinho' da missa de sétimo dia, com sua foto, foi terrível também.
Pensei que eu não iria superar, mas me conformei rápido. Minha consciência até dói devido a isso. Ás vezes, tenho a impressão que me tornei um cínico, uma pedra de gelo.  Inesperadamente, uns três meses depois, me apaixono. Por incrível que pareça, essa paixão me deu muita força, mais ânimo para viver, porém, tudo se transformou num desastre, estou só , de novo.

É, mama, e parecia que eu estava advinhando, nos últimos tempos eu olhava para a senhora, que andava muito quieta e calada; parece que eu sentia que alguma coisa aconteceria, que iria perdê-la.  Na adolescência, não nos entendíamos muito, mas já nesta época, eu brigava para defendê-la.  Lembra quando eu briguei com a sua mãe e sua irmã, porque elas a criticaram?  Já adulto, briguei com outro irmão da senhora, com o meu irmão, tudo para defendê-la.  Fiquei do lado da senhora, quando se separou do meu pai, enquanto meu irmão foi neutro. E eu defendia a senhora, não era pelo fato de ser minha mãe, e sim pela grandeza do seu caráter, por isso não admitia que fossem injustos com a senhora.  Mas, eu poderia ter sido mais carinhoso com a senhora, e a senhora também poderia ter sido mais carinhosa comigo. Agora, não adianta mais.

Minha mãe se foi com 67 anos.

2 comentários:

  1. Essa sua postagem me emocionou e me fez refletir no que 'é a vida' , como tentar vive-la ao máximo, usufruindo de todo o carinho que lhe é oferecido - não sou muito de entar em blog , comecei agora , por dica de uma colega de trabalho e eu amei o seu de coração - nada é pra sempre , porém se estamos vivos é por algum motivo, pode ser misssão, destino, sla ..sendo o que for é preciso que nunca esqueça que sempre tem alguém qe nos ama muito, às vezes essa pessoa não precisa estar perto ou ser conhecida, o fato é que todos nós temos pelo menos uma pessoa que sinte por nós um verdadeiro amor e pode ter certeza que partindo desse princípio, quando você souber quem é essa pessoa eu espero que todos qu tinahm dúvidas sobre esse amor incondicional tenha a melhor reação, oferecendo tudo em dobro .. carinho, amor , amizade , SENTIMENOS SINCEROS .

    ' FAZER O BEM , SEM OLHAR A QUEM '
    Esse pode ser o primeiro passo !

    Beijos Pati

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  2. Patricia, vc é q me emociona com essa linda mensagem! Fico muito contente de vc estar gostando do blog; muita gentileza de sua parte.

    Muito, mas muito obrigado e apareça sempre!
    Beijos

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