O Amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
x_______x
Teus olhos entristecem
Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham, esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.
Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.
Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.
Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil.
x______x
A morte chega cedo
A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.
O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.
x______x
*Quando Ela Passa
Quando eu me sento à janela
P’los vidros qu’a neve embaça
Vejo a doce imagem d’elia
Quando passa… passa…. passa…
Lançou-me a mágoa seu véu:
Menos um ser n’este mundo
E mais um anjo no céu.
Quando eu me sento à janela
P’los vidros qu’a neve embaça
Julgo ver imagem dela
Que já não passa… não passa.
* Muito pertinente o poema.
Imagino a passar com seus lindos cabelos negros, ah, que vontade de afagá-los, sem jamais parar com os chamegos.
A beautiful lady adora vestido negro, ah, não paro de pensar nela, essa mulher não me dá sossego!
Seu andar sensual e feminino, sua voz emitindo um miau, me faz virar um menino.
Ah, quando ela passa, cheia de charme e de graça, toca em mim um alarme, mas ela não me olha, faz pirraça.
Tenho ânsias de raptá-la, ficaria só a beijá-la, a amá-la; seria perseguido pela polícia, mas danem-se! Quero é ficar com ela, sua presença é uma delícia.
Caro Fernando Pessoa, não sou poeta; ela durante tempos foi minha meta, seu desprezo me magoa.
Como criar versos lindos, se a linda linda de mim está fugindo?
Falta-me talento e inspiração para criar uma bela poesia. Não aguento tanta desilusão e viver sem minha fonte da alegria.
As brigas terminaram; as conversas também. Sem diálogo, sinto-me como um corpo repleto de coágulo.
Desconfianças de cá, desconfianças de lá, e duas pessoas que se gostavam, não conseguem mais dialogar.
Falamos línguas diferentes, não nos entendemos, por que a vida é tão cruel assim, jamais saberemos.
Bobagem lamentar, por meu tempo a perder, por uma mulher que não quer me amar e tem me feito sofrer!
Pessoa, o sempre pessoa!
ResponderExcluirMagnifico poema!
CTRL+C > CTRL+V :)
Seja bem-vindo, Franbogado, e apareça sempre!
ResponderExcluirGrato pelo comentário.