A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Edgar Allan Poe(textos)

Um Sonho num Sonho




Este beijo em tua fronte deponho!

Vou partir. E bem pode, quem parte,

francamente aqui vir confessar-te

que bastante razão tinhas, quando

comparaste meus dias a um sonho.

Se a esperança se vai, esvoaçando,

que me importa se é noite ou se é dia...

ente real ou visão fugidia?

De maneira qualquer fugiria.

O que vejo, o que sou e suponho

não é mais do que um sonho num sonho.



Fico em meio ao clamor, que se alteia

de uma praia, que a vaga tortura.

Minha mão grãos de areia segura

com bem força, que é de ouro essa areia.

São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos

dedos, para a profunda água escura.

Os meus olhos se inundam de pranto.

Oh! meu Deus! E não posso retê-los,

se os aperto na mão, tanto e tanto?

Ah! meu Deus! E não posso salvar

um ao menos da fúria do mar?

O que vejo, o que sou e suponho

será apenas um sonho num sonho?
 
 




ANNABEL LEE *

(de Edgar Allan Poe)



Foi há muitos e muitos anos já,

Num reino de ao pé do mar.

Como sabeis todos, vivia lá

Aquela que eu soube amar;

E vivia sem outro pensamento

Que amar-me e eu a adorar.



Eu era criança e ela era criança,

Neste reino ao pé do mar;

Mas o nosso amor era mais que amor --

O meu e o dela a amar;

Um amor que os anjos do céu vieram

a ambos nós invejar.



E foi esta a razão por que, há muitos anos,

Neste reino ao pé do mar,

Um vento saiu duma nuvem, gelando

A linda que eu soube amar;

E o seu parente fidalgo veio

De longe a me a tirar,

Para a fechar num sepulcro

Neste reino ao pé do mar.



E os anjos, menos felizes no céu,

Ainda a nos invejar...

Sim, foi essa a razão (como sabem todos,

Neste reino ao pé do mar)

Que o vento saiu da nuvem de noite

Gelando e matando a que eu soube amar.



Mas o nosso amor era mais que o amor

De muitos mais velhos a amar,

De muitos de mais meditar,

E nem os anjos do céu lá em cima,

Nem demônios debaixo do mar

Poderão separar a minha alma da alma

Da linda que eu soube amar.



Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos

Da linda que eu soube amar;

E as estrelas nos ares só me lembram olhares

Da linda que eu soube amar;

E assim 'stou deitado toda a noite ao lado

Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,

No sepulcro ao pé do mar,

Ao pé do murmúrio do mar.

4 comentários:

  1. A poesia de Poe tem uma força trágica, uma dor costurada ao amor... É bonito, melancólico... Me lembra aquele livro de Emili Bronte,"O morro dos ventos uivantes".

    Como eu não vivi muitos amores, as vezes eu me pergunto se viverei algum dia um amor assim, grande, poderoso, trágico... Se eu terei coragem de abrir a caixa e libertar aquela força para o amor que todo mundo tem em si, mas que nem sempre deixa vim a tona...

    Enfim... Não sei... Não me leve a sério... Estou apenas divagando...

    ResponderExcluir
  2. Belíssima divagação! Tb vivi poucos amores.

    Minha caixa estava fechada há anos, inusitadamente se abriu há três anos atrás, mas parece q se fechou de novo, talvez para sempre!

    Vc é muito jovem Pandora, cheia de vida, de alegria, quem sabe um dia o príncipe encantado aparece... No entanto, acho melhor não esquentar a cabeça com isso. Falando nisso, vc cortou o cabelo? rs

    Muito obrigado!

    Abraços

    ResponderExcluir
  3. Senhor Verden, eu tou tomando coragem, não corto meu cabelo de verdade desde os 12 anos rsrs... É um sofrimento pensar em cortar o bichinho... Acho que só escrevi sobre o mangá no blog pra vê se tomava coragem rsrsr...

    ResponderExcluir

Todos os comentários serão respondidos.