Paranoia?

Nem me passava pela cabeça um dia usar computador; se não me falha a memória isso aconteceu em 2005: o telefone de casa tocou, minha mãe atende e diz: "é pra vc". Ao atender, percebo uma voz de uma pessoa madura, que eu nunca tinha ouvido, que diz: "Vc sabe quem está falando?". Respondo: "É o BJ". Ele: "Mas como você descobriu, se nunca conversamos um com o outro? Eu: 'É que acabamos de ter um desentendimento, na página de leitores do jornal, e supus que você procurou na redação saber meu telefone". Ele: "Você meteu o pau em mim.rs".

Não estão entendendo? É que de 2000 a 2007, eu era um missivista assíduo, tendo minhas cartas publicadas na página de opinião de um jornal da cidade em que moro, assim como o BJ. Eu gostava dele, e ele dizia gostar de mim, dos meus textos, porém, tivemos um pequeno desentendimento, que acabou superado.

O que me deixou surpreso, foi que logo nessa primeira conversa, ele me revelou que usava outro nome para ter suas cartas publicadas. Fiquei impressionado, pois o estilo dos "dois" eram distintos um do outro; o BJ era mais simpático, prudente, já o outro era pedante, bem arrogante, um anti-comunista dos mais chatos. Claro que me desentendi com ele(rs). Eu o detestava.rs. A imaginação, a criatividade do BJ era tanta, que ao criar um nome tripo, ele usou um prenome bem diferente, de um personagem de Walt Disney(não é o Urtigão-rs) e um sobrenome que eu nunca ouvi falar. O nome do meio era comum.

BJ telefonava algumas vezes pra mim, até que acabou sumindo do mapa,  mesmo na página de leitores, ele desapareceu. Não o conheci pessoalmente. Tinha mais de 60 anos. Sem dúvida, foi mais um dos loucos que conheci. Separado da mulher, me disse: "ela me abandonou para viver com um criolo". "Eu o xinguei, ele ameaçou me denunciar por racismo, lembrei-lhe que tenho amigos na policia civil".
Ele, vez ou outra, quando mandava uma carta para o jornal, me enviava uma cópia dela,  por fax. Um dia, fiquei obstupefato, ao receber uma missiva muito longa, na qual ele, indeciso, pede ajuda das pessoas para escolher 4 ou cinco pretendentes , a ser sua amada, sendo que uma delas, era casada(rs).
Falei com ele: "BJ, isso é muito pessoal, não vai ser publicado". Ele: "Vai sim, Deus vai ajudar". Vale lembrar que ele era um ateu dos mais radicais, até xingava  Deus. Depois, num acesso de misticismo, passou a acreditar veementemente no Criador. Tal carta, claro, não foi publicada.rs

Um escritor, do jornal, poeta, octagenário, gente ótima, o qual eu conversei algumas vezes no telefone, conhecia BJ pessoalmente. Ele me revelou que BJ era impotente, que usava pênis artificial quando transava com mulheres.

continua...