É impressionante como um sujeito tão descrente, tão desiludido, que gosta tão pouco da vida, pôde sobreviver tanto!
Desde meus 18 anos já não ia muito na "onda" da vida.
Pessoas como eu, não costumam ter longevidade.
E não é o caso de me achar mais infeliz que os outros, nada disso! Inclusive, com praticamente todas as pessoas que me contaram pormenores de sua vida, eu pensei: não queria estar na pele delas; vivo melhor do que elas.
E muitos pensam assim de mim, como meu próprio irmão, que, na adolescência, um dia, me disse: "eu não queria ser como você!".
Minha saúde é boa, não posso me queixar. Já tive problemas corpóreos, mas os superei, como acabei de superar uma dor na perna, que me fez mancar e ter muita dificuldade no andar. Não me entrego quando estou doente e luto para me curar.
Com o passar do tempo, penso que acabei me tornando um cínico, mas não brinco com os sentimentos alheios.
A solidão que me incomoda é a acompanhada. Adoro viver só. No meu aniversário, só recebi os parabéns do meu irmão, sua esposa e sua filha, que vieram aqui em casa me cumprimentar. Não estou me queixando, só estou falando.
O conjunto Klaatu tem uma música chamada "A Mais Solitária das Criaturas". A conheci na época do seu lançamento, nos anos 70. Naquela ocasião, até que a solidão me incomodava, não só a acompanhada, que sempre me aborreceu. A falta de colegas, de amor, o fracasso profissional, tudo isso me deixava amargurado. Minha auto-estima estava baixa, e continuou assim pelos anos 80 a fora.
Na citada música, o autor diz se sentir como a mais solitária das criaturas, mas alguém o responde que existe uma ainda mais solitária do que ela: o vigia de um farol. E existe uma mais solitária ainda que o vigia do farol, eu, Roderick Verden.
Das muitas músicas que já postei por aqui, acho que as que mais me identifico são "Empty Spaces"(Espaços Vazios), do Roger Waters e "Banda da Ilusão"(Alberto Luiz). A primeira mostra uma visão geral que eu tenho do mundo, do comportamento humano. Nossas atitudes são para preencher os espaços vazios, nosso vazio interior, tudo é ilusão e fugaz. No entanto, a grande maioria não concordo com isso, tem fé no seu semelhante, acreditando que dias melhores virão, tecem loas á vida. A "Banda da Ilusão", já revela meu sentimento pessoal em relação a viver: "eu toco essa amargura atravessada, essa dor desesperada, essa vontade, sem vontade de viver. É a lei da vida, tocar pra não morrer".
Hoje, amo a solidão, colegas não me fazem falta. Há muitos anos que tenho uma visão bem negativa a respeito do amor, o que não me impediu de ter me apaixonado pela LL(vejam o post, "Paradoxo"). As coisas poderiam ser diferentes, mas, infelizmente, não são como queremos, o mundo não é um conto de fadas. Só sinto um pouco falta da minha mãe, a única pessoa que, realmente , me amou.
E não me sinto como um velho, o tempo passa depressa demais! Só percebo que tenho 55 anos, ao me olhar no espelho: barba branca, cabelos grisalhos, e quando as pessoas me chamam de "senhor".
Sem amigos, sem amor, sem profissão, sem ambição, sem objetivo. Se quiserem saber mais sobre minha atual situação, leiam o post, "Diógenes de Sinope".
Vazio e apatia me acompanham. E o que eu mais lamento é de não ter tido uma boa profissão, um ganha-pão estável, um trabalho que me desse prazer.
Quanta gente animada, que ama a vida, e morre precocemente, e eu aqui, sem saber aonde ir.
"O que estou fazendo aqui?" "Oh dia, oh vida!"rs
O jeito agora é "ficar com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar"(Raul Seixas)
"Uma vida sem sentido corre seu curso"(David Gilmour)
Obs.: a música do Moody Blues é uma das minhas prediletas. Pena que não consegui postar um outro vídeo, que possui imagens bem bonitas. Confiram no google.
