A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Amizades e Simpatias Não Correspondidas




                                 Da esquerda para a direita, G, A e eu



Não ando inspirado para postar e nem comentar na blogosfera, no entanto, ao ler, hoje, dois posts referentes a "Amizades", me veio a vontade de postar.

Dos dois posts, me chamou mais atenção um em que a autora fala do perigo de se priorizar certas amizades, já que corremos o risco de nos frustrarmos, pois nosso amigo 'do peito' pode não gostar tanto da gente como gostamos dele.
Muito se fala de amores não correspondidos, mas e as amizades não correspondidas? E aquela pessoa que a gente simpatiza, mas ela não vai com nossa cara?  Comigo já aconteceu isso, tanto de eu não ter sido correspondido por um amigo, como também não conseguir reciprocidade diante de uma pessoa a qual eu simpatizava. Igualmente aconteceu o inverso, mas vou relatar apenas casos em que fui rejeitado ou antipatizado.

Amizade Não Correspondida

Apesar das constantes mudanças de residências criadas pelos meus pais, que eram como ciganos, morei dos 13 aos 17 anos na mesma casa. Eu tinha meus colegas/vizinhos. Não era um turma grande, já que nunca curti turmas, multidões... Nem pode-se bem chamar esses colegas de turma, seria uma semi-turma ou mesmo menos que isso(rs).

Eu nutria preferência por dois desses colegas, que foram os que eu mais convivi na época. O G, que morava no mesmo prédio que eu morava e o A, que residia uns 50 metros do meu lar, na mesma rua.
A principio eu gostava mais do A. Cheguei a considerá-lo meu melhor amigo. E ele era uma pessoa, que, praticamente, todo mundo gostava. Um sujeito tranquilo, que não falava mal de ninguém. A era um pouco mais baixo do que eu, creio que tinha 1,70 cm(tenho 1,72 cm). Era magro; parecia com o Paul MacCartney. Mais feio e sem ter aquela cara de menino, aquele jeito infantil do famoso Beatle. Reparando bem, sua semelhança era quando ele sorria, lembrando demais o MacCartney. Ele parecia também com uma hiena(esse era um dos seus apelidos-rs).

Houve uma época que eu , G e A estávamos constantemente juntos. Éramos, os três, retardados. Eu costumava a se referir a nós, como "Trio Maldito", mas seria mais plausível, mais correto, "Trio Idiota" ou "Os Três Patetas". A era o menos retardado dos três. Um dia, por causa de um motivo banal, coisa de adolescente, eu e A nos desentendemos. Ficamos uns tempos sem conversar. Naquela época, idiota como éramos, achávamos um erro, uma falta de vergonha na cara, um puxar conversa com outro, com o intuito de reatar a amizade; era o que chamávamos: puxar arrego. E eu morria de vontade de voltar a conversar com meu amigo. Não contava isso pra ninguém, claro. E foi o G que fez com que voltássemos a ser amigos, com uma manjada estratégia de perguntar pra nós, separadamente, evidente, "você quer voltar a conversar com ele?" A resposta: 'caso ele queira, converso'. Foi muito bom voltar a conversar com meu amigo.

Todavia, A se afastou de mim e de G. Ele começou a  se entrosar com outra turma, em outro bairro, o que nos deixou muito chateado.

É possível que esse seja um dos motivos que houve para eu e G nos tornarmos tão amigos depois.
Eu conhecia o G de uma outra casa, em outro bairro, no qual ele era meu vizinho, mas, nesta época, quase não tínhamos contato.
E nossa amizade, na ocasião que A era nosso amigo próximo, não era tão sólida assim. Tínhamos algumas divergências, pontos de vista diferentes. Ainda assim, até hoje me surpreendo, de como eu e ele, num dia, brigamos de dar socos. Em época de férias, ficávamos da parte da manhã até a noite na rua.
Num desses dias, eu e ele nos desentendemos o dia inteiro, tudo culminando numa briga violenta, na garagem do nosso prédio; briga separada pelo A. Até hoje suspeito que alguém deve ter feito alguma intriga, pois G estava implicado comigo o dia inteiro, e penso que não dei motivo para que tal fato ocorresse. Sua mãe(ele não tinha pai), ao ver nos brigando, me xingou muito, e ainda ofendeu minha família; aí retribui os xingamentos, com muitos palavrões. Sua única e mais velha irmã, apareceu também, dizendo: "Você e o G poderiam até matar um ao outro, que eu não me importaria, mas xingar minha mãe, eu não admito!". Mais brigas, mais palavrões. Passei uma péssima noite, afinal brigar com uma família inteira...

Tempos depois, voltamos a conversar, e nossa amizade se estreitou. Ele se tornou meu melhor amigo. Justamente o G, que costumava criticar certas facetas do meu comportamento, se tornou parecidíssimo, com uma personalidade quase igual a minha. O mais gratificante de nossa amizade, é que tínhamos uma forte coisa em comum: ambos éramos zoadores, éramos palhaços mesmo, não poupávamos nada e nem ninguém. Creio que essa foi a época que mais ri na minha vida. Porém, por um motivo bobo, tivemos uma discussão, e como ambos eram orgulhosos para puxar conversa, nunca mais voltamos a falar-nos.
E olha que alguns colegas até que fizeram esforço pra que voltássemos a conversar. Numa festa de aniversário de um colega, uns colegas, 'à força' fizeram com que apertássemos as mãos. No entanto, os bobões idiotas(rs) não conversaram um com o outro(o tal do orgulho...). A turma ficou indignada com a gente. Mesmo não conversando, estávamos sempre juntos, com outros colegas. Estávamos , num dia, sentados no meio fio(do passeio), então, alguém contou para um de nossos colegas, o B, que haviámos apertado as mãos, mas não voltamos a ficar de bem. "Indignado", o brincalhão e muito forte B, que estava entre eu e o G, pegou o pé de cada um de nós, e disse: 'então agora vocês vão dar é os pés"rs.
Em frente ao prédio em que morávamos, existia um loja de gesso. A loja era bem pouco movimentada. E sempre fazíamos amizade com o funcionário da mesma. Um dia , o funcionário teve que sair, por uns instantes, e pediu que olhássemos a loja. No local estava eu , G e um menino , que teria, no máximo, uns 10 anos de idade, o E(eu e G tínhamos uns 16,17). Só havia uma cadeira, e G estava sentado nela. Num determinado momento, ele se levantou, e sentei na cadeira. Ele não gostou nem um pouco, mas como não conversávamos um com o outro, disse pro E: "E, você não tinha o direito de sentar nesta cadeira, pois eu estava nela". Aí, respondi: "E, você não é o dono da cadeira, não tendo nenhum direito sobre ela" E a "discussão" rendeu, havendo até ameaças de agressão física, mas tudo foi com humor, tudo zoação. Foi uma idiotice de nossa parte, mas muito engraçado, eu penso.

E em 30.12.1973, meus pais mudam de residência novamente; desta vez para um lugar bem distante do centro. Fui a contra-gosto, pois eu gostava de onde morávamos, tinha esperança de voltar a ser amigo do G, eu era apaixonado por uma menina, que morava num bairro próximo...

Vez ou outra eu ia até o anterior local que morei, sempre visitando o A, que nunca havia me visitado depois que mudei de residência. Um dia, no ano de 1977,  poucos metros depois de onde tomei o ônibus do meu bairro, o A aparece, dentro do ônibus. Perguntei a ele: "mas que diacho você está fazendo por aqui?". Ele respondeu que foi visitar um amigo. Aí lhe falei: 'poxa, mas por que você não apareceu lá em casa?". Ele falou que não teve tempo. Nunca mais o visitei; não mais tivemos contato.

E precisou passar anos para eu perceber que, enquanto eu cheguei a ter o A como meu melhor amigo, como um sujeito especial, pra ele eu não passava de mais um de seus amigos. Também não descarto dele nunca ter gostado mesmo de mim, é possível que me  achava um chato... mas ele era uma pessoa muito paciente...

Quanto ao G, a última vez que o vi foi em 1979, dentro de um ônibus, mas ele não chegou a me ver.
Percebi  que ele era uma pessoa em constante mutação. De 1974 a 1977 , quando eu ia até o antigo local em que eu morava, notei  que G era outra pessoa, bem diferente daquele que um dia considerei meu melhor amigo. Notei até um certa soberba nele, achei-o um pouco pedante. No entanto, acredito que ele tenha sim chegado a me considerar um amigo, seu melhor amigo, mas foi apenas naqueles momentos, depois não sentiu mais amizade pela minha pessoa, e nem falta de mim, claro.

OBS.: Continua no outro post. Este está longo demais! rs

2 comentários:

  1. O que mais acontece na minha vida é não se correspondida, parece um carma maldito... rs

    Acho que escolho as pessoas que não ligam pra mim... rs...

    Mas uma hora a gente acerta, tem que acertar né...rs

    Beijocas

    ResponderExcluir
  2. Já desisti de amor, amizade, e isso faz anos, mas foi no âmbito pessoal. Voltei a crer em amizades, ao ingressar no mundo virtual; até mesmo voltei a amar. No entanto, minha descrença em relação a amizade e amor voltaram à tona.
    Grato pelo comentário.
    Beijos

    ResponderExcluir

Todos os comentários serão respondidos.