Cada vez mais infeliz e desanimada, minha mãe foi só se entregando, definhando. Se alimentava mal, fumava muito, não dormia bem-mesmo tomando calmantes. Veio a falecer de enfisema pulmonar, de 29.08.2008, depois de ficar 37 dias hospitalizada, quase 30 dias no CTI.
Praticamente todos os objetos da nossa casa, ficaram com o J., incluindo as roupas e joias da minha mãe.
A confortável casa foi vendida. Eu e meu irmão recebemos 40.000, pela venda, cada um.
Em 30.05.2012-um dia depois do meu aniversário- era a vez do J. também falecer, de infarto.
Tanto luxo, tanto materialismo, tanta ambição, tanto apego... tristezas, brigas... poucas risadas, muita contrariedade... No entanto, para muitos, éramos felizes. O J. parecia mesmo feliz,como eu disse, mas minha mãe, eu e meu irmão(empregado do J.) estávamos bem infelizes. As aparências... a pseudo-felicidade por se ter posses, conforto...
E eu, me apeguei há 38 anos nos meus discos. Um pequenino patrimônio, que eu adorava. Antes de vendê-los, eu tinha medo de ficar sem eles. Medo de acidente de trânsito, nas incontáveis mudanças que fiz, no decorrer da minha vida, medo de incêndio, enchente, cupins, vandalismo, roubo. Meu irmão , uma vez, me disse: "vc critica muito o capitalismo, o materialismo dos outros, mas olha a quantidade de discos que vc tem... isso é que é capitalismo!".
Questiono: vale a pena ter posses? Vamos morrer e deixar tudo aqui. Minha mãe e seu companheiro, perderam o que tinham depois de mortos. Meu caso, foi pior , pois perdi meus adorados discos, ainda vivo. Vale á pena? Creio que não.
A meu ver, é bom não ter filhos, cônjuge, irmãos, amigos, animais de estimação, carros e tanta coisas mais de consumo. É bom não ter um time futebol de coração, é bom não sermos nacionalistas, idealistas, engajados... Os prazeres que encontramos com o que acabei de citar, são pífios, e sempre acompanhados de aborrecimentos, de transtornos, de ingratidões. Nos apegamos nestas posses. Melhor ter só o essencial.Entretanto, a gente sempre quer ter algo, se apegando a tal... e tudo é fugaz, no final, perdemos tudo, nada temos, até mesmo porque nada somos.
Nas aparências, alguns são felizes. Em redes sociais, como o Facebook, todos são felizes, são conformados, torcem para a seleção brasileira, já pensando na conquista do hexa em 2018. Na blogosfera, a mesma coisa, só que com menos intensidade, com menos exagero que em redes sociais. Todos são lindos no Facebook, mesmo os feios. Os lindos ficam mais lindos ainda. É prazeroso exibir nossos retratos, mudando de fotos constantemente e só a receber elogios.
Nas redes sociais e na blogosfera, todos , além de felizes, são politicamente corretos, ninguém tem preconceito , menos eu,
Roderick
ResponderExcluirEntendo o que vc disse, porém se não tivermos um pouco de ilusão nessa vida ela nos torna ainda mais dura. Tbm não gosto de quem vive de aparência, acho tolice isso, mas é o que mais vejo por aí "muitas aparências" e pouco essência, mas é por esse caminho que a vida da maioria caminha...por isso me isolo bastante das pessoas na vida social...
Abraços!
Sempre bom ver vc por aqui, Fabiana. E é bom alguém nos entender, mesmo com todo negativismo que a gente transmite.
ResponderExcluirEstou muito pra baixo mesmo!
Mas, desejo tudo de bom para este trio tão simpático, formado por vc, seu marido e seu filho.