A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

domingo, 13 de outubro de 2013

A Vida Na Terra

Eu caminhava , passando por um terreno vazio. De repente, o silêncio foi interrompido por um forte barulho.
Eu duvidava, na verdade, não acreditava, mas eis que surge diante de mim, um disco voador.
Fascinado e amedrontado, me escondi, ficando a observar a misteriosa aeronave.
Nisso aparece um ser, que sai do disco voador ... O medo tomou mais conta de mim ainda, quando mesmo eu estando escondido, o ser me viu, e falou: quero conversar com você.
Eu estava paralisado de medo. O ser se aproximava... "Não tenha medo, não vou lhe fazer mal". E ficamos cara a cara. Ele se apresentou como um viajante espacial, sempre a conhecer novos mundos.
E tinha acabado de chegar à Terra.
Queria saber coisas sobre o nosso planeta, sobre nossa origem, como vivemos...

Confessando meus parcos conhecimentos, falei a ele que através de uma relação sexual de pessoas de sexos distintos, um espermatozoide se encontra com um óvulo; a pessoa dona do óvulo fica uns 9 meses com um novo ser no seu útero. Sua barriga só cresce neste ínterim. A mulher que carrega o novo ser sofre muito, e quando dá a luz, sente uma dor terrível. Dizem que a dor do parto é a pior dor da vida.
O novo ser, com poucos centímetros, nasce ensanguentado e chorando.
O extraterrestre , me interrompe, dizendo: "Mas isso é terrível! Nunca ouvi falar em coisa igual!".

Aos poucos o ser começa a andar, a falar. Se torna uma criança curiosa, gosta de brincar, irradia alegria, mas também chora com facilidade. É mais suscetível às doenças; se sente indefesa e frágil. É inquieta, querida por quase todos os adultos, mas é cansativa.

Depois, começa uma outra fase, por volta dos 12 anos, a adolescência. Os hormônios atuam intensamente. Novas descobertas aparecem. O ser fica mais alto. Sua aparência se modifica. É comum espinhas no rosto. A libido é forte. Mesmo animado, cheio de sonhos e esperanças, o adolescente percebe que a vida não é tão colorida e boa, como parecia na infância. O adolescente entra em conflito com seus pais; tem problemas na escola e sofre com os complexos relacionamentos humanos.

E começa a fase adulta. É preciso trabalhar para viver, para sobreviver. Ninguém vive sem dinheiro. Ninguém vive sem se alimentar. Se não trabalha, ou vira mendigo, ou um parasita depender dos que trabalham ou mesmo um gigolô.  Nosso dia tem 24 horas; dormimos de 6 a 8 horas, e ficamos aproximadamente umas dez horas fora de casa, no trabalho. O trabalho toma quase todo nosso tempo.
A maioria ganha pouco dinheiro, vivendo em casas precárias. Há muita fome no mundo. Muitos morrem de desnutrição. O extraterrestre diz: "estou chocado! Quanto sofrimento!".

Quase todos se casam e têm filhos.

Aí aparece a fase mais triste: a velhice. O corpo fica enrugado. A pele fica mais seca. O ser fica mais frágil, sem agilidade, mais sujeito a doenças. Não escuta direito, não enxerga direito. Tem problemas nos ossos. Se sente mais só, desamparado. Dá muito trabalho para os seus parentes. E alguns são abandonados em asilos.

E tudo termina com a morte. "Morte?" perguntou o extraterrestre. Sim, o ser passa a não existir. E o ser pode morrer antes de chegar à velhice. Pode perecer por doença, acidente, assassinato.
"Nossa, nunca vi um planeta como esse! No meu , não existe este ciclo. E não existe sofrimento, nem morte. Eu gostaria de caminhar com você, para conhecer melhor seu planeta. Aliás, qual o nome dele?"
Terra, respondi. "Terra?! Mas pq um nome desses, se, pelo que pude notar, ao entrar em sua órbita, o planeta tem bem mais água do que terra?"  Não sei responder.

Como a aparência do extraterrestre era totalmente diferente da nossa, ele adotou uma aparência humana, provisoriamente, e fui lhe mostrando a vida na Terra.

Guerras, desavenças nos locais de trabalho, criminalidade, asilos, hospitais. "Poxa, mas não existem coisas boas neste planeta? Como vocês conseguem sobreviver?"  Existem , sim coisas boas, pois creio que se não existisse, haveria suicídios em massa. O instinto de vida é muito forte, e a maioria dos habitantes acredita na existência de vida após a morte. "Você está brincando?"  Não , é sério. "Que loucura!".

"Fale-me sobre as coisas boas". Aqui , no Brasil, por exemplo, a maior paixão do povo é o futebol, veja.
"Mas, que coisa mais boba! E eles pulam igual macaco! Que modo pobre de se divertir!". Gostam de dançar, de samba... "Pra mim, são todos loucos, me desculpe, mas estou abismado!"
Gostam de carro. Mas carro dá muito trabalho de manutenção, e há sempre o risco de acidentes.
Gostam de beber bebida alcoólica, de usar drogas, veja. "Não estou acreditando no que vejo!".

Eu iria contar mais, mas o extraterrestre, disse: "Por favor, chega. Estou até passando mal. E no meu planeta a gente não passa mal, não existem doenças. O que você me relatou e creio até o clima da Terra, está me fazendo muito mal. É um ambiente pesado. Obrigado, mas tenho que partir". Mas , eu gostaria que você me falasse sobre seu planeta... "Infelizmente, não posso falar, tenho que voltar rápido para a aeronave e partir, pois não estou bem. Quando eu voltar à minha forma original, não a dos terrestres, eu ficarei bem".
Gostaria que você me levasse no seu planeta. Gostaria de morar lá.
"Infelizmente, não posso, pois você não sobreviveria . Tudo lá é diferente daqui; até mesmo a atmosfera. Somos um povo bem mais evoluído do que o seu. Não há como eu viver aqui e nem como você viver no meu planeta. Obrigado e adeus!"  Adeus!

E me senti mais só, mais perdido ainda, "perdido, num mundo perdido".

10 comentários:

  1. Desculpe, mas porque não falou do amor que um homem sente por uma mulher e usa esse amor como expressão de arte em um mundo em caos total?, porque não falou do prazer dos sabores?, das cores?, das sensações gostosas de pisar na areia da praia,ou de como é bom caminhar na chuva?, ainda não falou do quanto é bom sentir o interagir de outros seres diferentes de nossa raça, tipo um golfinho, um cachorro ou um cavalo....ah! me desculpe vivo no mundo da lua rssss
    Amei seu post, muito inteligente...e reflexivo.
    Beijos e uma ótima semana pra vc.
    Joelma

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    1. Oi Joelma. Pouco depois que postei e desliguei o computador, me veio na cabeça que alguém poderia pensar ou dizer que o extraterrestre deu muito azar de encontrar justamente uma pessoa tão pessimista como a minha.rs

      Muito obrigado. Uma ótima semana pra vc também.

      Beijos!

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    2. Amigo, não vejo como pessimismo,vejo que de certa forma estamos cansados porque tudo o que acontece no nosso planeta não é responsabilidade de uma só pessoa e sozinhos não podemos mudar isso....e no fundo achei uma linda estratégia ....não precisamos de mais um tipo de parasita, já bastam o que temos por aqui...que pena que ele não pode leva-los assim teríamos a saúde do nosso planeta de volta.
      até breve!
      Joelma

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    3. É, eu, particularmente, ando cansado mesmo. Creio que a idade até ajuda.rs

      Até breve e grato por sua presença.

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  2. Olá Estáquio.
    Até nós nós nos sentimos mal neste planeta e não conseguimos perceber como é possível se passarem cá coisas tão estranhas e assustadoras ,imagino o que um extraterrestre achará disto.
    Só pode mesmo querer regressar a casa o mais depressa possivel.
    Um abraço.

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    1. Oi Natália. Claro que concordo com você.rs

      Muito obrigado!

      Abraços!

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  3. Gostei do seu conto. A vida na terra nos permite muitas coisas boas, mas a realidade é a que descreveu, ciclos, cada qual com suas particularidades, até que findam todos. A ignorância das guerras e o abandono dos necessitados não atrairia ninguém de outro planeta, certamente. Abraço.

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  4. E eu ainda esqueci de relatar outras coisas, Marilene.rs

    Grato por sua presença.

    Abraços!

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  5. Muito obrigado por sua presença, Janice!
    Felicidades para vc também!
    Beijos!

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