A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Relembrando Os Velhos Tempos de Escola


No meu tempo, na minha época, é, sou de um tempo, de uma época bem antiga(rs), a gente falava "primário", "ginásio". Do primeiro ano até o segundo ano do primeiro semestre, estudei em três colégios, devido as constantes mudanças de residências, patrocinadas pelos meus ciganos pais.
Não obstante, do segundo ano do segundo semestre, até o primeiro ano ginasial do primeiro semestre, estudei no mesmo colégio. Mas, meus pais não se aquietaram tanto assim, como pode parecer, já que neste intérim moramos em duas casas, distantes uns três quarteirões uma da outra.

O colégio em que eu estudei por três anos se chamava Curso Chopin. Era uma escola pequena, de propriedade do Professor Tasso(ou Tarso), um homem muito dedicado, que parecia amar o que fazia. Ele promovia até teatrinhos na nossa escola; convidava mágicos, para nos entreter, em épocas festivas. Uma vez, sabendo da paixão dos alunos por futebol, convidou jogadores dos clubes Atlético e Cruzeiro: Buião e Lacy- do Atlético- Raul e Evaldo- do Cruzeiro.

Eu gostava muito dos meus colegas de sala. Pode-se dizer que eu não tinha nada contra nenhum deles. Muitos eu ainda sei seus nomes de cor, lembro-me de suas fisionomias. Eu era mais social, naquela época, participava de excursões, jogava bola... Ir à aula, não me aborrecia, embora se meus pais me dessem opção entre ficar dentro de casa e/ou brincando na rua e ir ao colégio, eu preferiria não ir à escola. Eu não me interessava mesmo pelos estudos. Foram tempos felizes, eu penso.
Foi no Curso Chopin, que conheci minha primeira paixão, Talita, quando eu tinha 11 anos, e nem sabia o que era sexo.rs
Um detalhe interessante, foi que no dia em que ingressei no colégio, a professora, diante dos alunos, me fez uma sabatina, e ,praticamente, todas as minhas respostas foram: não sei; até que uma menina disse: "então, ele não sabe é nada"rs(acho que foi a Talita que disse). E olha que eu vinha de um ótimo colégio, Padre Eustáquio. E passei de ano, durante os anos em que estudei no Curso Chopin, sem recuperação, sem perder média. Outro detalhe interessante: mesmo não perdendo média, minhas notas não eram ótimas. Num mês, me destaquei com notas melhores , fui o oitavo lugar. Fiquei muito satisfeito, e ao mostrar minha satisfação para minha mãe, ela disse: "Oitavo lugar! E vc está satisfeito?! Deveria ser o primeiro lugar, pra ficar contente assim!". Minha humilde e sensível pessoa, ficou frustrada.

E os professores? Lembro-me de poucos, aliás tivemos poucos professores a nos acompanhar. O que eu mais gostava era do Tassinho(ou Tarsinho), filho do diretor do colégio. Não me recorde bem a matéria que ele lecionava, creio ser matemática. Ele era alegre, brincalhão, um palhaço. Colocava apelido em quase todos os alunos. Ao invés de chamar nossa atenção, quando fazíamos bagunça, ele 'batia' em nós, no estilo do Moe, dos "Três Patetas"(rs).
Mas, as professoras que mais nos acompanharam foram a Dona Lígia(ou Lídia) e a Dona Lucinda.
A primeira era uma morena clara, bonita, não era antipática, nem calhorda, porém, não chegava a ser simpática também, era um pouco prepotente, sisuda. Um dia, depois de eu terminar de jogar bola no colégio, ela, rispidamente, me falou: "suas mãos estão sujas! lave-as!". A segunda, igualmente morena clara, não era bonita, mas era simpática, alegre, falante. Um dia, pouco antes de cantarmos o hino nacional, eu estava brincando, e ela me chamou a atenção( a Dona Lucinda), meio em tom de gracejo, o que fez com que os colegas rissem de mim: "ele não deve ser brasileiro não, é japonês." Fiqui sem graça...
Noutro dia, a Dona Lígia estava corrigindo nossos 'para-casas'. Já havia corrigido o meu- tudo normal! Depois, ao corrigir o do Maurício, ela deu zero para o mesmo, devido seu péssima letra. Maurício reclamou, dizendo:" E a letra do Verden?" A principio, Dona Lígia parecia irredutível, ficou na dela. Chorando, Maurício foi até a sala onde Dona Lucinda estava dando aula(eles eram irmãos). Dona Lucinda, entrou na nossa sala em prantos, conversou com Dona Lígia(conversa que nenhum de nós, alunos, escutamos). Logo em seguida, a 'justa' Dona Lígia me deu um zero também.  Panelinha, proteção,' nepotismo', injustiça, falta de personalidade. Fiquei calado, talvez pela minha timidez, talvez por aquele lance de 'os mais velhos têm que serem respeitados'mas fiquei revoltado. Um trauma...

Ainda assim, minha estada no Curso Chopin foi feliz, apesar das Donas Lígia e Lucinda. Eu adorava meus colegas.
No entanto, a natureza é sábia, tudo na vida é perfeito, menos o ser humano, que foi criado por um Ser perfeito, daí, no primeiro ano ginasial, mais de 70% dos meus colegas do primário, migraram para outros colégios(incluindo a Talita). Eles eram de famílias meio burguesas, que achavam que o ginásio no Curso Chopin era fraco.
Beirando os 12 anos de idade, a adolescência começava, e a aborrecência começou. Não fui feliz neste semestre. Não me adaptei com os novos colegas. Discutia muito com eles, chegando até a sair no braço com uns  três, quatro. E meus pais novamente mudaram de residência; fui pra outro colégio, no qual fui mais infeliz ainda.

Hoje, penso que mesmo que meus colegas fossem os mesmos, estudando comigo durante todo o ginásio, eu não seria feliz, não me daria bem com muitos, como foi no primário. Ao tornarmos adolescentes, muita coisa muda em nós... Felicidade, só na infância, e olhe lá!  Lembrando que existem muitas crianças infelizes no mundo. Pelo menos na infância, fui feliz, e só, só nesta fase!

4 comentários:

  1. Estudei lá também onde fiz o curso de admissão. Foi um dos melhores colégios que conheci. Ensino de primeira e acima de tudo com um grande diretor, professor Tasso. Um homem de bem e de um caráter irretocável. Tenho recordações incríveis dele, faz parte sem dúvida da minha vida profissional de uma forma definitiva. Gostaria muito de ter notícias dele, do seu filho e da dona Vânia, sua esposa.

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  2. Bem, falando sério, foi um tempo que gostei tanto, que ao ver seu comentário, até me arrepiei. Tenho 56 anos. Não sei sua idade. Acredito que o professor Tasso, que é isso tudo que você falou e também o que eu disse a respeito dele, já tenha falecido. O Tassinho, o vi, pela última vez, por acaso, no aeroporto do Carlos Prates. Eu estava acompanhado de um colega(já falecido). Ele se tornou piloto.

    Dona Vãnia, creio que foi esposa do professor Tasso. Não me lembro dela.

    Por favor, me diga o ano os ou anos que você estudou lá. Foi só na admissão? Quem sabe nos conhecemos. Lembro o nome de alguns colegas.

    Meu nome não é Roderick Verden(rs), isso é um nick.

    Conheci outro Carlos, o qual foi meu colega, por uns dois anos. Mas não me lembro de um chamado Carlos Luiz.

    Bem, fico muito contente com a sua presença. Espero que apareça mais por aqui.

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  3. Caro amigo, pelas nossas idades não fomos contemporâneos no Curso Chopin, pois sou mais velho que você. Obrigado pela notícia que você me deu do Tassinho, já valeu, pois assim posso sentir que apesar de tudo a vida continua.
    Felicidades.

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  4. Bom te ver aqui, Carlos.

    Apareça mais!
    Obrigado!

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