A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

sábado, 28 de janeiro de 2012

Inveja

Em 1987, eu, com 31 anos, fiquei com uma moça que tinha seus 22 anos. Naquela época, chamávamos isso de amizade colorida. Como de costume, foi um caso muito rápido, interrompido precocemente, pois em seguida, conheci minha futura esposa.

A S. tinha os cabelos castanhos claros, longos; era um pouco baixa, bem magra, de seios pequenos. Era uma moça bonita, bem humorada. Não nos apaixonamos, e creio que isso jamais ocorreria entre nós.
Curioso, meus relacionamentos com as pessoas; com alguns sou sério, com outros, sou brincalhão, e com a S. eu era um palhaço. Ela gargalhava com minhas palhaçadas.

A S. era mãe solteira. Me revelou algo que me surpreendeu: ela nunca se apaixonou... Disse que vivia só o momento.  Nos enganamos  a respeito das pessoas, mas ela me parecia sincera.  Isso é raro numa mulher, pois elas costumam se apaixonar com frequência, e buscam incessantemente um amor.

Quanto aos homens, pouco conversei com eles a respeito se amam ou não. Alguns(ou seriam muitos?) nunca amaram. Uns gostam de dar uma de durão... A geração masculina sessentona, setentona,machista, "ama" sua esposa de longa data, apenas por conveniência.

A S. é digna de inveja.  Não concordo com as pessoas que dizem que o importante é amar, mesmo não sendo correspondido, pior é não ter amado. Ora, melhor viver mesmo só o momento, sem compromisso, sem nos iludir, sem expectativa. Ternura, carinho, volúpia... mas só no momento, sem desejos de posse.
Acredito que pessoas que nunca amaram, são bem mais felizes do que as que amaram. Bem, não vou generalizar, pois existem as pessoas bem sucedidas no amor, mas que são poucas, isso são.

Nos anos 90, conheci um sujeito, num bar. Eu tinha meus 35 anos, ele uns 50 ou mais. Bem aparentado, bom papo, parecia ser descendente de italiano ou alemão. Começamos a falar sobre mulher, e ele disse não gostar de mulher. Eu olhei pra ele desconfiado...rs. O mesmo me esclareceu que não gostava de mulher para se ter um compromisso. Era um solteirão convicto. Que inveja!

Já andei falando muito da minha avó materna, que era adúltera, teve muitos homens, sendo normal ela brincar com os sentimentos deles. Seu comportamento era reprovável, repugnante. Mas ela dizia que nunca amou nenhum deles. Que inveja!

Pessoas como eu, ciumentas em excesso, possessivas, não deveriam se apaixonar. Pior ainda quando se apaixonam por uma pessoa tão ciumenta ou pior.
Cansei de me defender, explicar, ser injustiçado, e também ficar acusando...

Amor, pra mim, é dor.




9 comentários:

  1. Roderick,

    Olha se eu amasse e fosse correspondida, certamente eu iria dizer que você está completamente enganado.

    Mas, como tantos outros, eu amo e não há a reciprocidade. Portanto, também me f#@& no amor.

    Antigamente, eu era muito fria nos meus relacionamentos. Chegava até ser grossa na maneira de lidar com as minhas companheiras. Mas, pelo menos não sofria. Hoje, inverti totalmente o meu modo de pensar, claro, automaticamente. Me entreguei sem medo ao último relacionamento e até agora sofro muito por isso. Mas, tem explicação: dessa vez, eu amei. Anteriormente, eu nem havia sentido cócegas desse sentimento.

    Pois é, por isso eu também faço jus ao seu comentário: amor é dor. E, ao mesmo tempo que eu a venero, eu tenho pavor de pensar em senti-la novamente...

    Beijos

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  2. Eu tive uma relação de anos com um cara que eu não sabia o nome todo, nem onde morava, nem em que trabalhava. Ele não tinha uma aparência assim muito legal, andava com uma roupas velhas, mas tinha charme e beleza. Aparentava ter uns 10 anos mais que eu. Na época tinha 24 anos. Era muito legal estar com ele. Algo me diz que ele era envolvido com alguma atividade ilegal, porque sempre tinha muito dinheiro, ao lado dele eu era tratada como rainha. E a gente se encpontrava num bar que era nosso ponto de encontro. Nos encontrávamos na sexta a ficávamos juntos pela final de semana. Uma relação aberta. Cansamos de ir para boates e ele arranjar um mulher e eu outro cara, e no final da noite e gente dispensava quem estava com a gente e ficava junto.

    Foram dois anos assim. Um dia ele simplesmente sumiu. Voltei no bar durante alguns meses e ninguém sabia dele. Como acho que era envolvido com algo ilegal a julgar pelo tanto de dinheiro que tinha. Pode ter morrido, não sei. Só sei que foi bom enquanto durou. A gente se divertiu muito e tivemos muitas emoções.

    Para mim o amor é tranquilo, apesar de cada vez mais eu me apaixonar menos. Acho que meu problema não é ciúme e posssessividade. Meu problema é gostar de quem não tá a fim de mim... rs. Acho que por isso hoje em dia quase não me apaixono mais, acho que cansei disso... rs.

    Beijocas

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  3. Suzi,

    Não ser correspondido é pior, claro, mas mesmo que quando os dois se amam, se relacionar é bem complicado, mormente quando ambos têm o gênio forte.

    Dama,

    Vc tem história para contar, hein? Vive intensamente.rs

    Dama e Suzi, muito obrigado e um ótimo domingo para vcs!

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  4. Sim, tenho muita história pra contar... rs. Dá uns dois livros... rs.

    Beijocas

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  5. Amores de longas datas poderia ser sinonimo de acomodação. Ninguém passa pela vida sem ter amado. Assumir que amou e foi passada para trás pode ser o outro lado da moeda.
    Eu acho que as pessoas ciumentas (falo do ciume doentiu) são aquelas que não encontraram a pessoa certa.
    Viver o momento é desculpa da falta de correspondência.
    Um beijão.

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  6. Respeito sua opinião, Janice, mas não concordo quanto ao "viver o momento é desculpa da falta de correspondência".

    Obrigado, Janice. Gostei muito do seu comentário.

    Beijos

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  7. acho que essa história de paixão é o seguinte:
    ficamos fascinados por algo que há no outro e que não existe em nós.
    é meio que uma dependência, uma idolatria.
    mas passa, nunca vi uma paixão que não passasse.
    pro amor serve isso aí também.
    só o amor platônico não acaba, pelo menos enquanto ele continuar platônico.

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  8. Bem interessante seu comentário, MoiselleMad.
    "Tudo passa, tudo é frágil", mas ainda não passou essa minha paixão, que de frágil, não tem nada.
    "Paixões são tempestades da alma". Apesar de eu não gostar de tempestades, estou diante dela, tentando limpar o tempo, querendo que o sol brilhe novamente.

    Muito obrigado, MoiselleMad.

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