A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Fernando Pessoa(poemas)

O Amor



O amor, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar p'ra ela,

Mas não lhe sabe falar.





Quem quer dizer o que sente

Não sabe o que há de *dizer.

Fala: parece que mente

Cala: parece esquecer





Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,

E se um olhar lhe bastasse

Pr'a saber que a estão a amar!



Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente

Fica sem alma nem fala,

Fica só, inteiramente!



Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,

Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar...
 
x_______x
 
Teus olhos entristecem



Teus olhos entristecem.

Nem ouves o que digo.

Dormem, sonham, esquecem...

Não me ouves, e prossigo.



Digo o que já, de triste,

Te disse tanta vez...

Creio que nunca o ouviste

De tão tua que és.





Olhas-me de repente

De um distante impreciso

Com um olhar ausente.

Começas um sorriso.



Continuo a falar.

Continuas ouvindo

O que estás a pensar,

Já quase não sorrindo.





Até que neste ocioso

Sumir da tarde fútil,

Se esfolha silencioso

O teu sorriso inútil.
 
 
x______x
 
 
A morte chega cedo




A morte chega cedo,

Pois breve é toda vida

O instante é o arremedo

De uma coisa perdida.

O amor foi começado,

O ideal não acabou,

E quem tenha alcançado

Não sabe o que alcançou.



E tudo isto a morte

Risca por não estar certo

No caderno da sorte

Que Deus deixou aberto.
 
 
x______x
 
*Quando Ela Passa
Quando eu me sento à janela




P’los vidros qu’a neve embaça



Vejo a doce imagem d’elia



Quando passa… passa…. passa…



Lançou-me a mágoa seu véu:



Menos um ser n’este mundo



E mais um anjo no céu.



Quando eu me sento à janela



P’los vidros qu’a neve embaça



Julgo ver imagem dela



Que já não passa… não passa.
 
* Muito pertinente o poema.
 
Imagino a passar com seus lindos cabelos negros, ah, que vontade de afagá-los, sem jamais parar com os chamegos.
A beautiful lady adora vestido negro, ah, não paro de pensar nela, essa mulher não me dá sossego!
Seu andar sensual e feminino, sua voz emitindo um miau, me faz virar um menino.
Ah, quando ela passa, cheia de charme e de graça, toca em mim um alarme, mas ela não me olha, faz pirraça.
Tenho ânsias de raptá-la, ficaria só a beijá-la, a amá-la; seria perseguido pela polícia, mas danem-se! Quero é ficar com ela, sua presença é uma delícia.
Caro Fernando Pessoa, não sou poeta; ela durante tempos foi minha meta, seu desprezo me magoa.
Como criar versos lindos, se a linda linda de mim está fugindo?
Falta-me talento e inspiração para criar uma bela poesia. Não aguento tanta desilusão e viver sem minha fonte da alegria.
As brigas terminaram; as conversas também. Sem diálogo, sinto-me como um corpo repleto de coágulo.
Desconfianças de cá, desconfianças de lá, e duas pessoas que se gostavam, não conseguem mais dialogar.
Falamos línguas diferentes, não nos entendemos, por que a vida é tão cruel assim, jamais saberemos.
Bobagem lamentar, por meu tempo a perder, por uma mulher que não quer me amar e tem me feito sofrer!
 

2 comentários:

Todos os comentários serão respondidos.