A vida seria um erro, se não existisse a música(Nietzsche). A vida é um erro, mas a música atenua este erro(O Caveira)

Isso, abaixo, seria a vida após a morte?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tio Apático, Sobrinho Apático(incluindo Tio Maluco e roqueiro decadente)




Já andei falando aqui sobre minha família, que do lado paterno prima por ser composta por gente introvertida, nervosa, havendo até os suicidas.

Minha avó paterna era uma beata, orgulhosa, que chegou a ser internada algumas vezes em sanatórios.
Cozinhava bem, incluindo deliciosos doces de mamão... Chegou um ponto, que nada mais fez, deixando até de frequentar a missa dominical. Só não abandonou as missas escutadas no rádio e o croché(ou tricô). Quando eu a visitava, o papo era o mesmo, eu perguntava: como a senhora está? Tudo bem? Ela respondia: "Tudo bem nada, como pode estar tudo bem, tudo está ruim".

Morreu octagenária. Teve seis filhos. Quatro homens e duas mulheres.

O filho número três é um caso a parte. Ele destoava dos outros irmãos, por ser bem baixinho e por ter o semblante alegre, já que os outros três eram sisudos.
Minha mãe era fã dele. E eu, por um certo tempo também tinha o mesmo sentimento da minha mãe, o tinha como meu tio predileto, pelo lado paterno. Sentimento que mudou quando trabalhei com ele, em 1975, quando eu estava com 19 anos. Fiquei ciente que ele era um mala, muito nervoso, foi injusto comigo algumas vezes, o que ocasionou até meu afastamento do trabalho. E, antes que me julguem mal, trabalhei com outro tio paterno, que muito me tratou bem, o melhor patrão que tive, o mais velho de todos os filhos da minha avó.

Uma coisa que não me sai da mente, foi quando o citado tio disse a um freguês: "estou com 43 anos e não acho mais graça em nada na minha vida!"

Ele se aposentou. Vendeu sua banca de frutas, do mercado, e foi na ideía de sua esposa morar no interior das Minas Gerais, na cidade natal da mesma. Eles tinham três filhos, o primeiro era adotado, o segundo era filho do vizinho, o terceiro era filho de um homem de São Paulo, quando minha tia foi na cidade passear...

Na cidade da minha tia,meu tio investiu em plantações. Fracassos um atrás do outro...
Sua depressão só aumentava, chegando até a fazer terapia em Belo Horizonte. Tomava anti depressivos, e ameaçava em se matar. Sua mulher dizia, "è fácil, só tomar uma overdose dos seus remédios". Numa das últimas vezes que o vi, em minha casa, sua mulher disse: "vamos nos separar". Ele: "a mulher está falando bobagem".

A vizinhança gostava muito dele. Mas sua depressão estava tanta, que ele não dava mais atenção aos vizinhos. Deixou a barba crescer. Se descuidou totalmente da aparência, se tornando cada vez mais arredio.
Um dia ele aparou a barba,se vestiu muito bem, tratou os vizinhos com muita cortesia, estava muito alegre.
Sua mulher foi visitar uma vizinha, foi uma visita que durou no máximo meia hora, ao chegar em casa, se deparou com meu tio enforcado. Ele tinha 59 anos.

continua...


3 comentários:

  1. Sabe senhor Verden, vendo o senhor falar do seu tio falso bonzinho, acabei comprovando que prefiro gostar das pessoas mais fechadas e ranzinzas, elas tendem a ser melhor na intimidade!!!

    E seu tio, vou acompanhar a história dele, mas já imagino o desfecho... e já vou lamentando daqui!!!

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  2. Sei não, viu Pandora, lidar com gente ranzinza é dose! rs

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  3. Eu tb nunca quis ser pai. Tive sorte q minha ex-mulher tb não quis.

    Obrigado, Cris.

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